Por Elsa Sousa –Especial Total News Agency-TNA-
“Para evitar uma guerra é preciso que ambas as partes possam salvar a face”, porem “Putin já foi longe de mais para poder recuar sem concessões efetivas”.
Perante as notícias dos últimos dias, alerto que o mundo está a “conviver certamente com a verdade e a mentira ao mesmo tempo” e lembra que a história da estratégia militar russa assenta em grande parte numa palavra: maskirovka (mascaramento, tradução literal), ou sejas, “medidas para enganar o inimigo quanto à presença de forças”, por definição.
As “formas de dissimular as forças e o dispositivo no terreno para criar uma perceção errada do adversário” passam por um conjunto de técnicas como: usar os uniformes do adversário, simular ataques à sua própria gente, utilizar técnicas de confusão para o outro lado não saber qual é a origem geográfica dos ataques.
“Sun Tzu também recomendava que se transformassem as fraquezas em forças quando vistas pelo adversário e há muitos exemplos na história desse uso da dissimulação”.
Donbass: o pretexto perfeito ou a presunção legal indispensável?
A região separatista de Donbass, constituída por Donetsk e Lugansk, é o foco de maior tensão neste momento. Lembra que a “guerra nestas duas províncias já provocou cerca de 14 mil mortos, dos quais 75% são militares, tanto do lado russo como do ucraniano”.
Esta semana o parlamento russo aprovou um decreto que permite a Putin reconhecer independência de Lugansk e Donetsk. O ex-responsável pela Defesa Nacional refere que “a partir do momento, que a Rússia reconheça estas duas repúblicas como independentes, elas podem pedir assistência militar e dotar a Rússia de uma presunção de legalidade numa eventual invasão, como aconteceu isso com a Crimeia”.
Por outro lado, “um tiro de canhão” despropositado entre as forças separatistas pró-russas e as tropas ucranianas pode servir de pretexto para que a guerra seja declarada, como explicou o próprio presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Consequências para Portugal em caso de guerra
A Rússia é o principal fornecedor de energia e cereais da Europa e, em caso de guerra, os efeitos colaterais vão espalhar-se por todo o velho continente, incluindo Portugal.
“A Rússia não é apenas uma potência petrolífera, não é apenas o grande fornecedor de gás de uma grande parte da Europa, a Rússia é também um grande produtor de cereais e de carne”.
Em caso de conflito, “ninguém pode estranhar que a inflação passe para cima dos 10% (nos EUA). O barril de petróleo pode chegar aos 120 dólares ou até 150 havendo sanções impostas à Rússia”, que lembra que já houve um país a sofrer um corte parcial e unilateral do fornecimento russo.
“Houve um país que já sentiu o que é uma decisão unilateral da Rússia de parcialmente cortar o fornecimento de gás: foi a Itália. Em janeiro, passou a ter metade do fornecimento de gás tinha vindo da Rússia. Razão que levou Draghi a falar com Putin. Nunca deveria ter havido esta dependência de um só fornecedor”, explica.