Por João Lemos Esteves Especial para Total News Agency-TNA-
O mundo, e em particular a Europa, ouviu o Primeiro Ministro português António Costa falar na Cimeira Ibero-Americana de Negócios. Os diplomatas europeus e mesmo latino-americanos ficaram surpreendidos com o discurso de António Costa. Alguns riram-se enquanto ouviam os delírios alucinatórios do chefe de governo português. Outros ficaram surpreendidos com a irresponsabilidade sem precedentes de um chefe de governo de qualquer país, quanto mais de um Estado membro da União Europeia e aliado da NATO. Então, o que disse António Costa? Que a Europa deve acelerar, criar um mecanismo mais expedito para aprovar a vacina russa SPUTNIK V contra a Covid-19, bem como o SINOPHARM chinês. Um meio de comunicação social português escreveu mesmo, seguindo as directivas do gabinete do Primeiro-Ministro (como sempre acontece em Portugal, onde a liberdade de imprensa e a liberdade de pensamento diminuem a cada dia que passa num processo semelhante ao da Rússia de Putin), que “Costa está a pressionar para a aprovação europeia da vacina russa”. Portugal era assim uma voz praticamente isolada na Europa exigindo uma aprovação rápida da vacina SPUTNIK V do regime de Putin. Quem estava com António Costa em defesa do SPUTNIK V russo? Apenas as marionetas mais ou menos declaradas do regime de Vladimir Putin na Europa. A diplomacia europeia – assim como vários líderes políticos transatlânticos – ficou absolutamente chocada com tais declarações, em sincronia com a lucidez política mínima do primeiro-ministro português.
Além disso, numa altura em que a Europa identificou o problema da interferência russa no processo político democrático em vários países da Europa Central e Oriental (especialmente); ciberataques organizados, directa ou indirectamente, contra os EUA e países europeus; e, bem, Putin levantou o seu tom na sua retórica anti-NATO. Para não mencionar que os serviços secretos da OTAN tinham identificado várias fugas de informação classificada do sul da Europa que comprometiam a segurança das operações militares da Aliança Atlântica, bem como a própria integridade das instalações da OTAN na Europa. A maior parte desta informação chegou ao Kremlin: algumas vezes directamente; outras indirectamente, através de grupos financiados pelo Kremlin. Pouco tempo depois, grupos de extrema-direita e de extrema-esquerda em Roma planeavam ataques às instalações da OTAN que, felizmente, poderiam ser neutralizados em devido tempo. Agora, a aprovação da vacina SPUTNIK V foi uma parte fundamental da propaganda do regime de Putin para ganhar influência no contexto europeu e, eventualmente, usá-la contra os EUA, criando uma narrativa (que agora tenta, no actual contexto da invasão contra a Ucrânia se ordenada, inventar) do crescente isolamento internacional dos EUA. Isto para condicionar as acções do Presidente Joe Biden, que acabara de se assumir como líder do mundo livre, e para aproveitar o acordo que acabara de ser assinado, por iniciativa de Angela Merkel, com a China.
O Pacto China-Rússia desenvolver-se-ia assim dentro da União Europeia: Putin e Xi Jinping encurralaram assim tanto os Estados Unidos como os Estados europeus, reduzindo o âmbito das suas opções geopolíticas. Não surpreendentemente, uma breve visita às agências noticiosas russas – especialmente SPUTNIK e RT – mostra que a pressão sobre os reguladores europeus e latino-americanos (os dois blocos representados na conferência em que o primeiro-ministro português António Costa falou) foi uma peça central, repetida várias vezes pela propaganda oficial do regime autoritário de Vladimir Putin. Agora, o Primeiro-Ministro português, sem qualquer vergonha, limitou-se a reproduzir os argumentos, o tom e as prioridades da propaganda do regime de Vladimir Putin. Como escreveu um órgão de comunicação social próximo do primeiro-ministro português e do seu gabinete, “Costa está a pressionar para que a vacina russa seja aprovada na Europa”. O governo português foi mais longe na defesa da Rússia e de Putin do que o regime russo alguma vez tinha feito no meio de uma Europa unida… Vale também a pena lembrar que António Costa, quando reproduziu o argumento central da propaganda russa, não era apenas o primeiro-ministro de Portugal, mas também presidente do Conselho Europeu em exercício.
Quase um ano depois, esta defesa de uma peça chave de Vladimir Putin e da propaganda do seu regime pelo Primeiro Ministro português António Costa deve ser analisada com ainda mais atenção e zelo. Isto porque já é público e inegável que o gabinete do Primeiro-Ministro de Portugal – e hoje, o centro de coordenação de todo o governo, que é a Presidência do Conselho de Ministros, através do qual passam todas as informações do Estado – tem um espião ao seu serviço para a Rússia de Vladimir Putin. Daí surge uma questão inevitável: quando António Costa defendeu a vacina russa SPUTNIK V e a sua aprovação na União Europeia (contra todos os pareceres científicos e cálculos geopolíticos razoáveis), estaria ele a repetir as informações que lhe foram enviadas por Alexandre Guerreiro? Das pessoas próximas de António Costa que protegem Alexandre Guerreiro ao serviço dos interesses russos de Putin? E Alexandre Guerreiro impôs ao Primeiro-Ministro de Portugal um discurso encomendado pelo Kremlin, quando visitou Moscovo ou quando foi convidado para os institutos políticos do Kremlin? Foi Alexandre Guerreiro quem lhe apresentou os “pareceres jurídicos” (chamemos-lhe assim) para António Costa defender o indefensável, quase porta-voz da propaganda russa, na Cimeira Ibero-Americana? Como se pode ver, Alexandre Guerreiro não era, nunca foi, não é, um mero funcionário discreto e irrelevante para o governo português – pelo contrário, Alexandre Guerreiro, o homem de Putin em Portugal (com o seu “pai”, Boaventura Sousa Santos, um dos homens mais perigosos do mundo) está no centro das decisões políticas do governo português. Alexandre Guerreiro – e portanto o Kremlin – tem a sua impressão digital em muitas das decisões diplomáticas e de defesa de Portugal, graças ao peso que António Costa e o seu grupo deram a Alexandre Guerreiro e Boaventura Sousa Santos. É uma ameaça aos direitos e liberdades dos cidadãos portugueses, e é uma vergonha indescritível para o Estado português, que o povo português, incluindo os seus militares exemplares, não merece. NATO – o mundo livre! – não pode estar à mercê disto.
Há um ano, as palavras de António Costa – ou Putin, via Alexandre Guerreiro/Boaventura Sousa Santos? – geraram gargalhadas dos seus homólogos europeus. Outros – diplomatas, veteranos da análise geopolítica de ambos os lados do Atlântico – preferiram permanecer atónitos e completamente estupefactos. Outros, mais sofisticados neste tipo de operação, preferem outro caminho: determinar a extensão da influência de Alexandre Guerreiro e do seu grupo ao serviço do Kremlin e dos seus aliados (principalmente o eixo China-Irão-Venezuela) no governo português, especialmente no gabinete do PM António Costa. Isto é especialmente verdade em questões da OTAN. E depois tirar as consequências necessárias e apropriadas…