O orgulho de representar Portugal, e tentar levar a bandeira nacional ao pódio, e a continuação do trabalho a caminho dos grandes objetivos da época marcam o regresso de alguns ‘repetentes’ nos Jogos do Mediterrâneo.
No evento multidesportivo internacional Oran2022, que arranca no sábado, estarão 159 atletas portugueses, em 20 das 24 disciplinas do programa, a maior parte com visões diferentes sobre o valor desta 19.ª edição da competição que quer unir os países da bacia mediterrânica.
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Para vários atletas, esta é uma oportunidade para somar uma medalha e viver uma experiência multidesportiva, por competirem numa modalidade que não seja olímpica ou por procurarem outra afirmação a caminho de outros ‘voos’.
Por outro lado, muitos preparam provas com outro peso no calendário da modalidade em que se inserem, o que aumenta a competitividade, numa prova ‘recheada’ de atletas olímpicos e nomes com provas dadas.
Regressam cinco atletas que conseguiram medalhas em Tarragona2018, a estreia de Portugal nesta competição: Ana Catarina Monteiro, prata nos 200 metros mariposa, Liliana Cá, segunda no lançamento do disco, João Costa, bronze no tiro, Alexis Santos, terceiro nos 200 metros estilos, Diogo Chen, bronze por equipas no ténis de mesa, além da participação da equipa lusa feminina de basquetebol 3×3, depois do bronze de há quatro anos.
Dos 159 nomes que constam na lista de convocados divulgada pelo Comité Olímpico de Portugal (COP), 29 estiveram em Tarragona2018, e um destes ‘repetentes’ é João Paulo Azevedo, que foi quinto classificado na prova de fosso olímpico, voltando agora já depois de ter ido aos Jogos Olímpicos Tóquio2020. “As expectativas são sempre altas. Estamos num momento bom de forma, há duas semanas fomos medalha de prata na Taça do Mundo de equipas mistas, eu e a Inês [Barros]. Vamos fazer o nosso melhor para trazer uma medalha para Portugal”, explica à Lusa o atirador, de 38 anos.
Para João Paulo Azevedo, “a experiência vai-se somando” nas competições internacionais, e numa modalidade em que “se pode praticar até aos 45, 50 anos no topo”, “a idade começa a aparecer”. “É engraçado começar a ver pessoas muito mais novas do que nós a competirem. É pensar que se passou uma vida no desporto”, comenta.
Outra atleta que fez história entre a estreia nos Jogos do Mediterrâneo e o regresso é a nadadora Ana Catarina Monteiro, que em Tarragona2018 arrebatou uma medalha de prata nos 200 metros mariposa.
Desde então, a carreira ascendente culminou num ano de 2021 em que conseguiu, em Tóquio2020, ser a primeira mulher portuguesa a participar numa meia-final olímpica.
Entre outros feitos, chega a Oran2022 em ano de Europeu, em agosto, e esse “é o principal objetivo”, revela à Lusa, para o qual estes Jogos acabam por servir como preparação. “Gostava de conseguir a minha melhor marca da época, e conseguindo esse objetivo estarei na luta de medalhas. (…) Especialmente na natação em Portugal, sou das mais experientes. Internacionalmente, já é um bocadinho diferente, as finais nadam-se numa média de idades próxima da minha”, comenta.
Esta experiência “vai trazendo algumas vantagens e conhecimento”, para maximizar a evolução no desporto, e “não é um peso, mas de certa forma uma motivação”, até porque “a consistência e duração no tempo deve ser valorizada”.
A prata de há quatro anos “é um orgulho e uma motivação”, num ano que foi “fora de série”, mas não quer parar por aqui. “Sinto que ainda quero continuar a fazer história, tenho mais trabalho para fazer, e os Jogos são uma boa oportunidade para isso”, refere.
De resto, a forma como estes eventos “promovem um desenvolvimento pessoal e desportivo muito grande”, pelo contacto com outras modalidades e com “mundos muito diferentes”, é outro fator que destaca. “Nos Jogos Olímpicos, que são o culminar do nosso grande objetivo, há um foco muito grande, uma pressão muito grande. A vantagem dos Jogos do Mediterrâneo, também as Universíadas, é que permitem de forma mais tranquila viver esse ambiente, no momento da competição estamos concentrados, mas fora absorve-se um bocadinho mais. É mesmo fundamental”, resume.
Com vários nadadores jovens na equipa nacional, Monteiro espera poder nadar cada vez melhor para chegar “ao melhor nível” ao Europeu, debelada uma apendicite e pequena lesão posterior, para continuar a melhorar o tempo na mariposa, mas também ajudar os mais novos na “transição”.
Para Paris2024, já vai olhando, ou não fosse “o grande objetivo”, primeiro para conseguir mínimos e depois “voltar a tentar fazer história” nos Jogos.
Os Jogos do Mediterrâneo Oran2022 arrancam no sábado e decorrem até 6 de julho.
Fuente Record