Afinal, segundo o próprio, foi tudo “um plano”. “Um plano” para defender a liberdade de expressão, por um lado, e para “fazer publicidade à Prozis“, por outro. Através de uma carta publicada no Jornal de Negócios, o fundador e acionista maioritário da empresa, Miguel Milhão, revela o que diz terem sido as verdadeiras intenções das “declarações incendiárias” que fez após defender o fim da proteção do direito constitucional ao aborto nos EUA, que vigorava desde 1973.
Numa longa missiva em que fala em “zombies” (que querem aniquilar opiniões alheias e não têm “capacidade de pensar”), numa “energia que nasceu” dentro de si, na “mob” (multidão) que o atacou, na vontade de parecer “meio burro” para enganar os tais “zombies” e em D. Sebastião (“quem vem viver a verdade que morreu D. Sebastião?”, pergunta em jeito de remate), Miguel Milhão diz que atingiu os seus “dois objetivos”.
Que objetivos tinha então o acionista maioritário da Prozis quando disse que era “incancelável”, quando fez um paralelismo entre o aborto e um homicídio, quando disse que a empresa não precisava do mercado português e quando chamou aos que o atacavam “pulhecos de merda”, “canzoada” ou “filhos da puta”?
Segundo Miguel Milhão, por um lado, o objetivo era pôr todo o país “a falar na liberdade de expressão” e no direito a opiniões controversas (como a que expressou sobre o aborto, que manterá, já que a resume agora como uma opinião “a favor da vida”). Por outro, “fazer publicidade à Prozis”.
A Prozis teve publicidade como nunca na sua história. E de graça. Com toda a humildade, acho que merecia um prémio de marketing. Eu calculo que o valor de publicidade conseguida esteja acima dos 10 milhões de euros. Ninguém sabia do meu plano”, diz agora o acionista da empresa.
O acionista maioritário da empresa, que segundo Miguel Milhão tem “dez fábricas” e “mais de 1.000 colaboradores”, diz ainda que “ninguém sabia do plano” mas ninguém do seu círculo próximo lhe “virou as costas” — e agradeceu a todos aqueles que “nunca o julgaram”.
Fundador da Prozis assumiu-se contra o aborto e influencers já estão a cortar vínculo com a marca
Fuente Observador