Uma assessora da família real britânica renunciou ao cargo depois de fazer comentários “inaceitáveis e profundamente lamentáveis” sobre raça e nacionalidade em um evento no Palácio de Buckingham, anunciou um porta-voz da realeza nesta quarta-feira (30). O nome do envolvido não foi divulgado, mas segundo a imprensa britânica trata-se de Lady Susan Hussey, 83, madrinha do príncipe William.
Ngozi Fulani, que nasceu no Reino Unido e trabalha para um grupo de apoio contra violência doméstica, escreveu no Twitter que foi repetidamente questionada de qual país da África ela era. No postagem, a mulher identifica o autor da frase como Lady SH, o que abriu caminho para a interpretação da mídia.
“Levamos este incidente extremamente a sério e o investigamos para esclarecer todos os detalhes. Neste caso, comentários inaceitáveis e profundamente lamentáveis foram feitos”, divulgou o palácio em nota.
O evento em questão foi organizado pela rainha consorte Camilla na terça-feira (29) e tinha como tema principal a violência contra mulheres e meninas. Entre as convidadas estavam a primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, e as rainhas Mathilde, da Bélgica, e Rania, da Jordânia.
Em seu perfil no Twitter, Fulani, que trabalha para o Sistah Space, grupo de apoio a mulheres de ascendência africana e caribenha afetadas por abusos, disse que cerca de dez minutos depois de chegar ao local, Lady SH a abordou e mexeu em seu cabelo para ver seu crachá. Depois de ser questionada muitas vezes de que parte da África ela era, Fulani diz ter respondido: “Nasci aqui, sou britânica”. Lady SH teria, então, insistido: “Não, mas de onde você realmente vem, de onde vem o seu povo?”.
Segundo um porta-voz da família real, o envolvido em questão queria se desculpar pela dor causada e se afastou de seu cargo honorário. Já o porta-voz de William disse que o príncipe ficou desapontado ao saber do incidente. “Obviamente eu não estava lá, mas o racismo não tem lugar em nossa sociedade”, disse ele.
O episódio ocorre após as recentes acusações contra a família real envolvendo racismo. Em março de 2021, o príncipe Harry e sua esposa, Meghan Markle, em entrevista à Oprah Winfrey, disseram que um membro da família os perguntou, antes de seu filho Archie nascer, o quão escura sua pele poderia ser.
Também no ano passado, reportagem do jornal britânico The Guardian mostrou que o Palácio de Buckingham evitou a contratação de “imigrantes de cor ou estrangeiros” em funções administrativas até ao menos o final dos anos 1960. Nos papéis, descobertos nos Arquivos Nacionais, o gerente financeiro da rainha informa em 1968 que “não era, de fato, prática nomear imigrantes negros ou estrangeiros” para funções administrativas, embora eles tivessem permissão para trabalhar como empregados domésticos.
O Palácio de Buckingham não respondeu a questionamentos sobre a proibição nem sobre quando ela foi revogada. Disse apenas que pessoas de minorias étnicas eram empregadas pela família real na década de 1990 e que, antes disso, não havia registros sobre as origens raciais dos funcionários.
Fuente FOLHA DE S.PAULO
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