Três dias depois de Emmanuel Macron criticar medidas econômicas dos EUA, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ecoou o líder francês neste domingo (4) e afirmou que a União Europeia deve traçar estratégias para enfrentar o que chamou de “distorções” econômicas criadas por Washington.
Nesta semana, durante encontro com o homólogo americano, Joe Biden, em Washington, Macron criticou os subsídios incluídos pela Casa Branca na chamada Lei de Redução da Inflação, batismo eufemístico para acelerar a aprovação de um pacote ambiental de US$ 430 bilhões. Segundo o francês, os incentivos garantidos pelo texto são agressivos para empresas do país europeu.
Em sintonia com Macron, Ursula von der Leyen criticou o protecionismo americano e defendeu, sem entrar em detalhes, a implementação de medidas na Europa com o objetivo de reequilibrar os setores em que a Lei de Redução da Inflação “cria distorções”. Ela disse ainda ser necessária a abertura de novos canais de de diálogo dos países europeus com a Casa Branca para discutir “aspectos preocupantes” da lei.
“A competição é boa, mas essa competição deve respeitar um campo de jogo nivelado”, disse Ursula von der Leyen, em pronunciamento na cidade de Bruges, na Bélgica.
É incerto como a legislação americana pode afetar diretamente o mercado europeu. Entre outras áreas, Biden quer impulsionar o setor de veículos elétricos para promover o emprego no setor industrial, a transição energética e a concorrência tecnológica com a China.
Líderes da União Europeia dizem que o plano representa uma ameaça aos empregos europeus, principalmente nos setores de energia e automobilístico. A lei prevê, por exemplo, uma dedução fiscal para a compra de um carro elétrico fabricado nos EUA, medida que a UE considera contrária às regras do comércio internacional.
Segundo Ursula von der Leyen, a UE precisa ajustar as próprias regras para facilitar o investimento público na transição energética, além de “reavaliar a necessidade de mais financiamento” durante esse processo.
Na quarta, ao rebater as críticas feitas por Macron, Biden afirmou que a criação de empregos nos EUA não acontece “às custas da Europa” e que os países europeus devem traçar estratégias de “forma mais rápida” para que tenham a mesma ambição industrial de Washington.
Apesar das divergências, Biden e Macron procuraram mostrar sintonia durante o encontro. Os líderes anunciaram a formação de uma força-tarefa, em conjunto com a UE, para lidar com disputas comerciais relacionadas à energia limpa. E Biden não descartou a possibilidade de ajustes nas políticas econômicas, dizendo que elas não tiveram a intenção de excluir os europeus.
Fuente FOLHA DE S.PAULO