Um ex-agente do FBI, a polícia federal americana, foi detido no fim de semana e solto após pagar fiança por seus laços com um magnata russo, informou o Departamento de Justiça americano nesta segunda-feira (23).
Charles McGonigal, 54, é acusado de ter prestado serviços de inteligência para Oleg Deripaska, fundador da gigante de alumínio Rusal e alvo de sanções dos Estados Unidos desde 2018 —ele, outros oligarcas russos e oficiais do governo foram incluídos em uma lista negra de Washington por suspeita de envolvimento no pleito que alçou Donald Trump à Presidência, o que eles negam.
McGonigal dirigiu a unidade de contrainteligência do FBI em Nova York até se aposentar, também em 2018. Ele é acusado de ter tentado suspender as sanções contra Deripaska em 2019, sem sucesso. Depois, em 2021, teria conduzido a seu pedido uma investigação sobre um de seus empresários rivais, recebendo o pagamento por meio de firmas de fachada.
Se considerado culpado pelas ações, o ex-agente pode ser condenado a uma pena de 20 anos na prisão. Ele compareceu ao tribunal ao lado de seu suposto cúmplice, Serguei Shestakov, ex-diplomata russo que se naturalizou americano e atua como tradutor juramentado nos EUA. A Procuradoria alega que Shestakov fez afirmações falsas a investigadores, o que ele nega.
McGonigal ainda é suspeito em outro caso, por ocultar pagamentos relacionados a suas atividades no Leste Europeu enquanto ainda trabalhava no FBI. Segundo os procuradores envolvidos na apuração, ele recebeu US$ 225 mil em dinheiro vivo de um ex-agente do serviço secreto da Albânia naturalizado americano que servia como fonte para uma investigação que ele supervisionava.
O ex-agente também teria violado suas obrigações ao ocultar que estava em contato com o primeiro-ministro do Kosovo. Ele alega inocência. “Obviamente, hoje é um dia angustiante para o senhor McGonigal e sua família. Revisaremos as evidências, examinando-as de perto”, afirmou seu advogado, Seth DuCharme, diante do tribunal em Manhattan.
As sanções dos Estados Unidos contra a Rússia são parte do esforço americano para dar um fim à Guerra da Ucrânia —que o Kremlin, quase um ano após o seu início, ainda chama de “operação militar especial”.
Deripaska foi acusado de violar sanções contra ele em setembro passado, ao armar um esquema para que seus filhos nascessem nos EUA —ele está foragido. No mês seguinte, o empresário britânico Graham Bonham-Carter foi indiciado por conspirar para violar as sanções ao tentar retirar uma obra de arte pertencente a Deripaska dos EUA. Agora, ele enfrenta uma possível extradição do país.
Fuente FOLHA DE S.PAULO