A despeito das rusgas entre Uruguai e outros países-membros do Mercosul, o presidente Luis Lacalle Pou afirmou nesta quarta (25), após receber Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Montevidéu, que não há brigas. “Temos algumas diferenças, mas nos concentramos nos pontos em que queremos avançar.”
Já Lula, que chegou ao país após passar por Buenos Aires, disse que as demandas uruguaias são justas e que está de acordo com todas as “ideias de modernização do Mercosul” —mas que, antes, seria necessário que equipes técnicas dos países-membros analisassem o que Montevidéu propõe.
O petista afirmou que gostaria de acelerar e assinar um acordo com a União Europeia (UE) antes de falar sobre a possibilidade de um acordo com a China, algo que já está nos planos de Lacalle Pou. “Sempre achei que o Brasil, por seu tamanho, deveria ter uma relação generosa com vizinhos como o Uruguai.”
Lula reforçou que o Brasil precisa estreitar alianças com os países da região e disse ter recebido um país em más condições, “depois do governo do golpista Michel Temer e de [Jair] Bolsonaro”.
O presidente chegou à residência oficial do líder uruguaio por volta das 12h30, vindo da Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), na Argentina.
O objetivo expresso da visita seria conversar sobre o Mercosul, que vem funcionando em modo lento. Há, porém, desavenças entre ambos os países, porque Lacalle Pou quer um bloco mais dinâmico e flexível. O Uruguai já negocia um tratado de livre comércio com a China, algo que estaria fora das regras do bloco.
“O Uruguai precisa se abrir ao mundo”, disse o presidente uruguaio sobre a possibilidade de um acordo com o gigante asiático, acrescentando que na reunião eles concordaram que o Uruguai continuará suas negociações, “e o Brasil pode fazer seu caminho”. “Depois podemos apresentar um ao outro.”
“Tivemos uma reunião como gostamos, despojados de ideologias”, disse ele. No dia anterior, na terça (26), Lacalle Pou, de centro-direita, disse que a defesa da democracia não cabe apenas à esquerda, após Lula e o argentino Alberto Fernández tecerem frequentes críticas ao campo da direita em suas falas.
“O Uruguai não pode perder muito tempo, por isso concluo que a reunião foi muito boa”, acrescentou.
Na chegada de Lula à residência oficial, havia apoiadores do lado de fora gritando seu nome, e outros bradando contra Lacalle Pou, chamando o uruguaio de “traidor da pátria”. Também havia ativistas contra a vacinação, que gritavam “Lula genocida” pelo fato de o brasileiro ser a favor da imunização contra a Covid.
Fuente FOLHA DE S.PAULO
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