Israel realizou ataques aéreos nesta sexta (27) na Faixa de Gaza em reação a dois foguetes disparados da Palestina. A ação ocorre um dia após o Exército israelense matar 10 pessoas na Cisjordânia.
O grupo Jihad Islâmica disse que a ofensiva leva a mensagem de que “o inimigo deve permanecer alerta, porque sangue palestino derramado custa caro”. O episódio ameaça a trégua negociada em 2022.
O Exército de Israel afirmou ter efetuado ao menos dois bombardeios contra áreas do Hamas, após vários lançamentos de foguetes em direção ao sul do país. As explosões atingiram a cidade de Gaza, de acordo com correspondentes da agência de notícias AFP, e nenhum lado reportou feridos até o momento —parte dos foguetes disparados de Gaza foi interceptada pelo sistema de defesa aérea israelense.
A incursão ocorrida na quinta, no campo de refugiados de Jenin, deixou nove mortos —entre os quais uma idosa. Segundo a agência de notícias Wafa, um décimo palestino foi morto a tiros por forças israelenses em confronto registrado durante uma das manifestações que eclodiram em Al-Ram, no centro da Cisjordânia, devido às mortes em Jenin. Cerca de 20 pessoas ficaram feridas durante a operação militar.
A ministra palestina da Saúde, Mai Al Kaila, afirma que, antes de se retirarem, as forças israelenses jogaram granadas de gás lacrimogêneo na ala pediátrica de um hospital de Jenin, asfixiando algumas crianças. Segundo um porta-voz do Exército israelense, “a operação ocorreu não muito longe de um hospital, e é possível que o gás lacrimogêneo tenha entrado por uma janela aberta.”
A Autoridade Palestina classificou a incursão pela Cisjordânia de massacre e anunciou que não vai mais cooperar com Israel em questões de segurança. Já um porta-voz israelense disse que o Exército realizou “uma operação antiterrorista” contra a Jihad Islâmica, envolvida em vários ataques contra Israel. Tanto a Jihad Islâmica e quanto o Hamas são considerados grupos terroristas por diversos países ocidentais.
Em comunicado, o cônsul-geral de Israel em São Paulo, Rafael Erdreich, disse que, “dada a incapacidade da Autoridade Palestina de exercer ordem no campo de refugiados de Jenin, o local é, há muito tempo, uma ‘terra de ninguém’ controlada pelas organizações terroristas islâmicas mais extremistas”. O diplomata disse ainda que membros da Jihad Islâmica organizavam um ataque terrorista contra civis e admitiu que, na reação israelense, “infelizmente uma mulher palestina foi morta acidentalmente”.
O governo brasileiro, em nota, expressou condolências aos parentes das vítimas, solidariedade ao povo e ao governo da Palestina e disse que acompanha os últimos acontecimentos com preocupação.
“O Brasil reitera o compromisso com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e em segurança e dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas. Com esse propósito, o governo brasileiro exorta ambas as partes a se absterem de ações que afetem a confiança mútua necessária à retomada urgente do diálogo para uma solução negociada do conflito.”
De acordo com as Nações Unidas, trata-se do maior número de mortes em uma só operação israelense na Cisjordânia desde o início dos registros das ações, em 2005. O Departamento de Estado americano anunciou que o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, viajará na próxima semana a Israel e à Cisjordânia para “reduzir as tensões”. Já o governo dos Emirados Árabes Unidos, que normalizou as relações com Israel em 2020, condenou o ataque e pediu uma reunião do Conselho de Segurança da ONU.
Desde o início do ano, 30 palestinos —civis ou membros de grupos armados— morreram em incidentes violentos envolvendo as forças de segurança ou civis de Israel. O acampamento de Jenin, criado em 1953, abriga cerca de 20 mil refugiados, segundo a UNRWA, agência da ONU encarregada dos refugiados palestinos. O Exército israelense, que ocupa a Cisjordânia desde 1967, realiza operações quase diárias nesse território, principalmente nos setores de Jenin e Nablus, redutos de grupos armados.
Fuente FOLHA DE S.PAULO
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