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A China vai expandir seu orçamento com a defesa em 7,2% e prevê ¥ 1,55 trilhão (R$ 1,14 trilhão) de investimento em 2023 no setor. O valor foi incluído no relatório de trabalho do premiê Li Keqiang, que deixou o cargo neste ano.
Li exortou as Forças Armadas a “intensificarem o treinamento militar e a prontidão, desenvolvendo novos guias estratégicos, dedicando energia no treinamento sob condições de combate e aplicando um esforço bem coordenado para melhorar capacidades militares em todos os aspectos e domínios”.
A declaração e a nova cifra foram divulgadas quarta (8), na semana do Congresso Nacional do Povo, parte das chamadas Duas Sessões, maior evento no calendário legislativo anual chinês.
Citando o aumento nos gastos, Xi Jinping pediu a delegados do Exército chinês que implementem a política de “capacidades estratégias integradas”, termo que apareceu no léxico da burocracia comunista no Congresso do Partido realizado no fim de 2022.
“[Precisamos] melhorar o uso integrado dos nosso recursos e aumentar nossa capacidade geral de lidar com riscos estratégicos, defendendo nossos interesses e alcançando nossas metas”, afirmou.
- Xi acumula a presidência da Comissão Militar chinesa e faz orientações rotineiras ao exército;
- A insistência na modernização das Forças tem sido cada vez mais comuns nos discursos do líder chinês.
Segundo a CCTV, a ideia é colocar em prática um “planejamento militar mais amplo e alocação integrada de recursos para construir um exército de classe mundial”.
O plano visa acelerar o desenvolvimento de novas tecnologias de defesa, sobretudo nas áreas em que a China ainda depende de componentes ou patentes estrangeiras.
Por que importa: é o segundo aumento consecutivo acima de 7% no orçamento de defesa chinês. Em 2022, os congressistas aprovaram um crescimento de 7,1%. O gasto considerável se justifica por uma percepção de um ambiente regional mais hostil com ações dos EUA em Taiwan
O que também importa
★ Congressistas americanos pediram o fim do sigilo em investigações que tentam entender as origens da Covid-19. O movimento aconteceu depois de o Departamento de Energia dos EUA passar a defender que o espalhamento do vírus provavelmente se deu em decorrência de um erro operacional em um laboratório de biossegurança em Wuhan.
★ Ativistas fizeram campanha online para que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas vete o ator Donnie Yen, de Hong Kong, da apresentação de uma das categorias do Oscar. Crítico ferrenho das manifestações pró-democracia na cidade em 2019, ele as descrevia como “motim”. Os signatários do abaixo-assinado dizem que o ator vai “prejudicar a imagem e a reputação da indústria cinematográfica” americana. A Academia não comentou.
★ O novo chanceler chinês, Qin Gang, disse ser inevitável um conflito com os EUA se os americanos não mudarem o tom nas relações com Pequim. Anteriormente conhecido como um diplomata moderado, Qin serviu como embaixador em Washington antes do novo posto. Ele assinalou ainda que a China não vai tolerar “as sanções e as ameaças” dos americanos e seus aliados. O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, disse que Washington não trabalha para conter o desenvolvimento chinês.
★ O Clube de Correspondentes Estrangeiros em Pequim denunciou aumento no assédio oficial a jornalistas internacionais e obstruções ao trabalho da imprensa. Segundo relatório do grupo, 63% dos seus membros viveram algum tipo de cerceamento enquanto reportavam sobre as políticas de controle à Covid, e 94% dos que tentaram uma autorização de viagem para Xinjiang —província onde a China é acusada de promover aprisionamentos em massa da minoria étnica muçulmana uighur— tiveram o pedido negado. A Federação Internacional de Jornalistas classificou o ambiente de trabalho oferecido aos correspondentes no país de “hostil”.
Fique olho
O Conselho de Estado chinês ordenou que o Ministério da Ciência e Tecnologia inicie uma força tarefa de reorganização para diminuir o impacto da “competição tecnológica internacional e melhorar os sistemas de gerenciamento e a liderança” na área. Na prática, a ordem quer preparar a China para medidas como a chamada Lei dos Chips, instaurada pelo governo Biden no ano passado e que praticamente proibiu qualquer cooperação entre empresas americanas com chineses na manufatura de semicondutores.
Por que importa: a mudança no organograma ministerial deve eliminar várias agências de menor importância e dedicar esforços na formulação de uma robusta estratégia para desenvolvimento de tecnologias consideradas essenciais para o regime.
Para ir a fundo
Estão abertas as inscrições para as masterclasses do Alibaba, o gigante do comércio virtual chinês. O programa foca a América Latina e vai reunir empreendedores de várias áreas no Brasil para discutir estratégias de crescimento. Mais informações aqui. (gratuito, em inglês)
Fuente FOLHA DE S.PAULO
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