Balanço da época de 2022
GP do Qatar
Bastianini domina prova marcada por seis desistências

Italiano entrou a ganhar
No primeiro grande prémio da temporada as atenções estavam centradas em nomes como Fabio Quartararo, Johann Zarco ou Marc Márquez, mas quem acabou por se impor foi Enea Bastianini. Depois de uma grande arrancada de Marc Márquez, que lutou nas primeiras voltas ao lado de Pol Espargaró pela primeira posição, o italiano, que saíra do segundo lugar, atrás de Jorge Martin, fez um jogo de paciência e esperou a sua vez para, a três voltas do fim, assumir a liderança da corrida e não mais a largar.
Miguel Oliveira, por sua vez, teve uma prova azarada no Qatar. O piloto de Almada saiu do 14.º lugar e a meio da corrida, numa fase em que tentava o tudo por tudo para ultrapassar Fabio Quartararo e assumir o 10.º posto, sofreu uma queda e foi obrigado a desistir. Foi um dos 6 pilotos que abandonaram esta primeira corrida do campeonato.
Pódio
1.º Enea Bastianini (Ducati) 42.13,198 minutos
2.º Brad Binder (KTM) a 0,346 segundos
3.º Pol Espargaró (Honda) a 1,351 segundos
(…)
Miguel Oliveira (KTM), abandonou
GP da Indonésia
Recital de Miguel Oliveira debaixo de chuva e trovoada
Depois do abandono no Qatar, Miguel Oliveira deu um autêntico recital à chuva, numa manhã de emoções fortes. O dia (tarde já na Indonésia) começou com chuva forte e trovões em Mandalika, que até colocaram em risco a realização da prova, várias vezes atrasada. Mas o mau tempo decidiu dar tréguas e ofereceu-nos mais um momento histórico para o desporto nacional.
Miguel Oliveira saiu do 7.º lugar numa prova que foi declarada ‘molhada’, no arranque saltou logo para o segundo lugar e antes do fim da primeira volta já estava na liderança. O piloto português praticamente não teve oposição e comandou toda a corrida, deixando Fabio Quartararo (o ‘pole man’) em segundo e Johann Zarco em terceiro. Foi um verdadeiro recital em piso molhado por parte do piloto de Almada, que assim conseguiu a sua quarta vitória na categoria rainha, depois da Estíria, Portugal e da Catalunha.
“Emocionalmente foi uma montanha russa. A arranque foi perfeito, mas no molhado é difícil de julgar o estado da pista. Segui o Jack por algum tempo, mas percebi que podia que ir mais rápido. Ultrapassei-o, dei o máximo e construí uma vantagem. Não foi fácil. Os últimos meses foram difíceis para mim, por isso voltar assim, com esta vitória… Prometi à minha filha que lhe levaria um troféu aqui da Indonésia. Aqui tens, filha”, disse Miguel Oliveira.
Pódio
1.º Miguel Oliveira (KTM) 33.27,223 minutos
2.º Fabio Quartararo (Yamaha) a 2,205 segundos
3.º Johann Zarco (Ducati) a 3,158
A carregar o vídeo …
Da ansiedade até à euforia: os bastidores da vitória de Miguel Oliveira na Indonésia
GP da Argentina
Aleix Espargaró alcança resultado histórico para a Aprilia

Espanhol não escondeu emoção
Depois do que aconteceu na Indonésia os olhos de todos estavam postos em Miguel Oliveira, mas na Argentina a sorte – e a chuva – não estiveram do lado do português, que saiu da 16.ª posição e acabou a corrida a meio do pelotão (13.º).
A vitória foi para o espanhol Aleix Espargaró, um resultado histórico para a Aprilia, que não ganhava uma corrida de MotoGP desde 2011. Para o experiente piloto espanhol foi também um dia memorável, uma vez que alcançou o seu primeiro triunfo numa corrida em MotoGP precisamente no dia em que chegou aos 200 grandes prémios na carreira.
Uma nota curiosa: nove pilotos diferentes subiram ao pódio nas três primeiras provas do calendário de MotoGP de 2022.
Pódio
1.º Aleix Espargaró (Aprilia) 41.36,198 minutos
2.º Jorge Martin (Ducati) a 0,807 segundos
3.º Alex Rins (Suzuki) a 1,330 segundos
(…)
13.º Miguel Oliveira (KTM) a 14,456 segundos
GP das Américas
Bastianini assume liderança e Márquez faz corrida inspirada

Marc Márquez fez uma incrível recuperação
Nos Estados Unidos assistimos à segunda vitória do ano de Enea Bastianini, novo líder do Mundial de MotoGP. O italiano fez uma grande corrida, num dia marcado pelo belo desempenho de Marc Márquez. O piloto espanhol da Honda falhou o GP da Argentina depois de um acidente no warm up do GP da Indonésia, mas recebeu luz verde dos médicos e apresentou-se em grande forma nesta quarta prova do Mundial. Um problema na largada levou o piloto da Honda para o final do pelotão, mas Márquez recuperou e acabou em 6º.
Alex Rins (2º) e Jack Miller (3º) completaram o pódio depois de uma batalha até o último metro, que o piloto da Suzuki venceu.
Já Miguel Oliveira (depois de uma qualificação para esquecer…) largou da 20.ª posição e chegou a andar muito tempo em 15.º, o primeiro lugar da zona pontuável. Mas o piloto da KTM não conseguiu segurar os rivais na fase final da corrida e cruzou a meta num modesto 18.º posto.
Pódio
1.º Enea Bastianini (Ducati) 41.23,111 minutos
2.º Alex Rins (Suzuki) a 2,058 segundos
3.º Jack Miller (Ducati) a 2,312 segundos
(…)
18.º Miguel Oliveira (KTM) a 32,002 segundos
GP de Portugal
Oliveira não evita primeira vitória da época de Quartararo

Quartararo voou na montanha russa
Se há corrida em que as expectativas em torno de Miguel Oliveira são elevadas, essa corrida é definitivamente o GP de Portugal. A competir em casa (a forma como foi acompanhado até Portimão disse tudo…), num circuito que conhece como as palmas das mãos e onde venceu em 2020, o piloto de Almada raramente acusa a pressão, mas no ano passado uma qualificação menos conseguida acabou por hipotecar um pouco o tão ambicionado triunfo. Oliveira chegou a liderar os treinos livres em Portimão, mas na qualificação não foi além do 11.º lugar.
Mas isso não nunca o impediu de lutar pelos primeiros lugares, como vimos uma vez mais no Algarve. O português da KTM fez um grande arranque – ou não fosse esta uma das suas especialidades… – e num ápice assumiu a 6.ª posição, logo na primeira volta, onde depois travou uma luta intensa com Aleix Espargaró.
Joan Mir liderava nas primeiras voltas, seguido por Fabio Quartararo, Johann Zarco e Jack Miller (o espanhol e o australiano acabariam por cair e abandonar a corrida), mas o campeão do Mundo em título não tardou a arregaçar as mangas e a assumir o comando, para não mais o largar.
A vitória em Portimão – a primeira em 2022 – colocou Fabio Quartararo no topo da tabela classificativa do Mundial, lado a lado com Bastianini, ambos com 69 pontos. O 5.º lugar no Grande Prémio de Portugal deixou Miguel Oliveira no 8.º lugar.
Pódio
1.º Fabio Quartararo (Yamaha) 41.39,611 minutos
2.º Johann Zarco (Yamaha) a 5,409 segundos
3.º Aleix Espargaró (Aprilia) a 6,068 segundos
(…)
5.º Miguel Oliveira (KTM) a 13,573 segundos
A carregar o vídeo …
A viagem de Miguel Oliveira até ao autódromo do Algarve com centenas de motards
GP de Espanha
Primeira vitória da época para Bagnaia

Irrepreensível Bagnaia reconhecido pelos adversários
Miguel Oliveira fez em Jerez a pior qualificação da época, não foi além do 21.º lugar, mercê de um problema técnico no começo da Q1. O piloto português da KTM sabia que precisava de fazer um grande arranque para chegar aos pontos e foi precisamente que o ‘Falcão’ fez, acabando a corrida no 12.º lugar e a somar mais 4 pontos para as contas do Mundial.
Francesco Bagnaia largou da primeira posição da grelha e, não obstante Fabio Quartararo ter feito de tudo para tirar o italiano da cabeça da corrida, a verdade é que não conseguiu ser bem-sucedido. Bagnaia liderou do princípio ao fim, com Quartararo em segundo e Aleix Espargaró a fechar o pódio. O espanhol da Aprilia ficou à frente de Marc Márquez e Jack Miller.
Pódio
1.º Francesco Bagnaia (Ducati) 41.00,554 minutos
2.º Fabio Quartararo (Yamaha) a 0,285 segundos
3.º Aleix Espargaró (Aprilia) a 10,977 segundos
(…)
12.º Miguel Oliveira (KTM) a 23,131 segundos
GP de França
Bastianini volta aos triunfos em prova azarada para Miguel Oliveira

Enea dominou prova e foi mostrando capacidade para mais
Enea Bastianini somou em Le Mans a terceira vitória da época no Mundial de MotoGP. Fez uma grande corrida o piloto italiano da Ducati, que largou do 5.º lugar e, depois de uma luta acesa com Bagnaia e Jack Miller, acabou por triunfar com grande autoridade.
Já para Miguel Oliveira foi um domingo inglório, pois a três voltas do fim sofreu uma queda e acabou por ter de desistir do GP de França. O piloto português tinha saído do 17.º lugar, chegou a ser 9.º, tudo indicava que ia acabar nos pontos, mas o azar bateu-lhe à porta, acabando por abandonar.
O GP de França foi, aliás, marcado por muitas quedas, incluindo do líder da corrida, Francesco Bagnaia, que viu a vitória fugir-lhe a 6 voltas do fim.
Pódio
1.º Enea Bastianini (Ducati) 41.34,613 minutos
2.º Jack Miller (Ducati) a 2.718 segundos
3.º Aleix Espargaró (Aprilia) a 4,182 segundos
(…)
Miguel Oliveira (KTM) abandonou
GP de Itália
Bagnaia impõe-se em casa

Pecco saiu de 5.º, mas conseguiu recuperar até ao topo
Foi uma corrida animada aquela a que assistimos em Mugello. Fabio Di Giannantonio saiu da pole position mas durante a corrida não mostrou ter estaleca para aguentar a pressão dos rivais e à segunda volta já era quarto classificado. A vitória acabou por sorrir a Francesco Bagnaia, que fez uma grande corrida, depois de largar da 5.ª posição. Determinado a impor-se diante do seu público, o homem da Ducati foi ganhando posições, aproveitando os erros dos adversários e a 15 voltas do fim assumiu a liderança, para não mais a largar.
Já Miguel Oliveira fez uma corrida de trás para frente e acabou em 9.º, depois de sair do 15.º lugar. Mais uma prova em que o sábado da KTM deixou muito a desejar…
Pódio
1.º Francesco Bagnaia (Ducati) 41.18,923 minutos
2.º Fabio Quartararo (Yamaha) a 0,635 segundos
3.º Aleix Espargaró (Aprilia) a 1,983 segundos
(…)
9.º Miguel Oliveira (KTM) a 11,256 segundos
GP da Catalunha
Festejo antecipado de Aleix manchou enorme corrida da Aprilia

Espanhol protagonizou um dos momentos mais insólitos do ano
Em Barcelona assistimos a um domínio absoluto de Fabio Quartararo, que rodou na segunda parte da corrida praticamente sozinho e consolidou com esta vitória a liderança do Mundial.
Além das muitas quedas, a prova ficou também marcada pelo impressionante erro de Aleix Espargaró, que a uma volta do fim, quando seguia em segundo, achou que a corrida tinha acabado, mesmo sem ver a bandeira xadrez… O espanhol da Aprilia voltou à pista e acabou em 5.º. Quem agradeceu foi Jorge Martin e Johann Zarco, que garantiram a presença no pódio.
Erro inacreditável de Aleix Espargaró
O piloto espanhol pensou que a corrida já tinha terminado, mas ainda faltava mais uma volta e perdeu assim o lugar no pódio.#sporttvportugal #MOTOGPnaSPORTTV #MotoGP #Motorcycle #Racing #Motosport #CatalanGP #Espargaro pic.twitter.com/3aiuBKfQyW
— SPORT TV (@SPORTTVPortugal) June 5, 2022
Já Miguel Oliveira fez uma prova regular. O português da KTM saiu do 16.º lugar e acabou no 9.º posto, à semelhança do que tinha sucedido na semana anterior, em Itália.
Pódio
1.º Fabio Quartararo (Yamaha) 40.29,360 minutos
2.º Jorge Martin (Ducati) a 6,473 segundos
3.º Johann Zarco (Ducati) a 8,385 segundos
(…)
9.º Miguel Oliveira (KTM) a 26,800 segundos
GP da Alemanha
Quartararo vence a sua terceira corrida da época

Francês dominou de fio a pavio
Fabio Quartararo fez uma corrida irrepreensível e somou a terceira vitória da temporada, aumentando a vantagem na liderança do Mundial, numa prova em que Miguel Oliveira terminou na 9.ª posição – pela terceira corrida consecutiva – e somou mais sete pontos, entrando para o ‘top-10’. Destaque também para a grande corrida de Jack Miller, que depois de cumprir uma ‘long lap’, terminou na 3.ª posição.
Registaram-se também alguns abandonos, nomeadamente os de Francesco Bagnaia (saiu da pole position mas foi ao chão à quarta volta), Joan Mir e Maverick Viñales.
Pódio
1.º Fabio Quartararo (Yamaha) 41.12,861 minutos
2.º Johann Zarco (Ducati) a 4,939 segundos
3.º Jack Miller (Ducati) a 8,372 segundos
(…)
9.º Miguel Oliveira (KTM) a 19,740 segundos
GP da Holanda
Tarde de sonho para Bagnaia e de pesadelo para Quartararo

Bagnaia segurou pressão de Bezzechi e voltou a vencer
Os pilotos estavam a postos e todos os olhos incidiam naquela que era a última corrida antes da pausa de verão.
Miguel Oliveira conseguiu uma qualificação sólida – a segunda melhor da temporada nessa altura – e largava do 8.º lugar, algo que colocava o piloto português como um dos candidatos aos lugares cimeiros, numa prova que não foi nada simpática para Fabio Quartararo.
O francês caiu a 22 voltas do final e ‘tocou’ em Aleix Espargaró, atirando o espanhol à gravilha. No regresso à pista, Quartararo ocupava a última posição; Espargaró era 15.º. Algumas voltas depois, o gaulês recolheu às boxes e, numa altura em que toda a gente pensava que ia abandonar, regressou à pista para tentar continuar. Três voltas depois voltou a cair e, aí sim, acabou por deixar a corrida.
Touch of class between the two World Championship contenders @FabioQ20 goes straight into the Aprilia garage to apologise to @AleixEspargaro #DutchGP pic.twitter.com/DVFaOStT1n
— MotoGP™ (@MotoGP) June 26, 2022
Entretanto, Miguel Oliveira não conseguiu ultrapassagens significativas e acabou mesmo por terminar no 9.º lugar, uma posição abaixo relativamente àquela em que tinha começado.
Os destaques do dia foram para Aleix Espargaró, Marco Bezzecchi e Bagnaia: este último, venceu e subiu dois lugares no Mundial de pilotos; Bezzecchi alcançou o primeiro pódio da temporada e o melhor resultado no MotoGP. Espargaró, que chegou a rodar na 15.ª posição, conseguiu uma recuperação extraordinária e acabou no 4.º lugar.
Pódio:
1.º Francesco Bagnaia, 40:25.205 minutos
2.º Marco Bezzecchi, a 0.444
3.º Maverick Viñales, a 1.209
(…)
9.º Miguel Oliveira, a 8.325
GP da Grã-Bretanha
Recuperação fantástica de Miguel Oliveira vale lugar entre os ‘gigantes’

Oliveira à ‘caça’ de Joan Mir em Silverstone
Depois da (merecida) pausa de verão, a grelha de partida voltava a aquecer – desta feita em Silverstone – para mais uma etapa, a 12.ª do Mundial.
A qualificação não tão bem conseguida de Miguel Oliveira, que partia do 13.º lugar, dificultava a vida ao piloto português que, no entanto, parecia determinado. O foco estava também em Fabio Quartararo, líder do Mundial que partia na 4.ª posição. Zarco, da ‘pole position’.
O português teve um arranque fantástico e à 3.ª volta já ocupava o 10.º lugar. Pelo meio, aproveitou a queda do gaulês Johann Zarco que, depois de partir de uma promissora ‘pole’, deitou tudo a perder.
Miguel Oliveira continuou a pressionar os seus rivais da frente, e foi já nas últimas voltas que tudo se encaminhou: aproveitou a queda de Joan Mir e ainda foi a tempo de ultrapassar Aleix Espargaró, Fabio Quartararo e Álex Rins, assinando uma recuperação fantástica que lhe valeu o 6.º lugar, numa prova ganha por Francesco Bagnaia – a segunda consecutiva. Mais uma demonstração de talento!
Such a shame for @JoanMirOfficial!
The 2020 Champ slides out with 6 to go! #BritishGP pic.twitter.com/jzEwCmpi30
— MotoGP™ (@MotoGP) August 7, 2022
Pódio:
1.º Francesco Bagnaia, 40:10.260 minutos
2.º Maverick Viñales, a 0.426
3.º Jack Miller, a 0.614
(…)
6.º Miguel Oliveira, a 2.727
GP da Áustria
Pecco rima com história

Italiano assumiu a ponta na primeira curva e não mais a largou
Depois dos triunfos na Holanda e na Grã-Bretanha, Bagnaia procurava fazer história e tornar-se no primeiro piloto da Ducati – desde Casey Stoner, em 2008 – a ganhar três corridas consecutivas.
Miguel Oliveira, por outro lado, partia para esta prova com boas recordações: o português sabia o que significava ganhar neste circuito, pois por cá tinha vencido uma prova em 2020, o então chamado Grande Prémio da Estíria. No entanto, o piloto natural de Almada enfrentava um grande desafio, uma vez que largava da 17.ª posição.
Arrancava o GP da Áustria e Bagnaia saltava para a frente, ultrapassando Bastianini, que tinha largado da 1.ª posição. Miguel Oliveira também saiu bem e subiu três posições logo na 1.ª volta mas, apesar do esforço, acabou por terminar num amargo 12.º posto, conseguindo uma ultrapassagem de última hora a Maverick Viñales.
Lá na frente, Bagnaia fez história e, numa luta acesa com Quartararo, agarrou com unhas e dentes o 1.º lugar, assegurando assim a 3.ª vitória consecutiva da temporada. Jack Miller fechou o pódio.
Pódio:
1.º Francesco Bagnaia, 42:14.886 minutos
2.º Fabio Quartararo, a 0.492
3.º Jack Miller, a 2.163
(…)
12.º Miguel Oliveira, a 18.035
GP de San Marino
Bagnaia vezes quatro e final inglório para Miguel Oliveira

Viñales voltou ao pódio e deu banho no intratável Bagnaia
Um sonho que acabou por não ser mais do que isso. Miguel Oliveira chegou a comandar a sessão de qualificação para o GP de San Marino, mas acabou por sair da 10.ª posição, numa altura em que passava por um bom momento de forma, vindo de seis provas seguidas a pontuar.
Numa corrida sem muita história para o piloto português, fica registado o final inglório: Miguel Oliveira precisou de cumprir uma ‘long lap penalty’ por exceder os limites da pista e, apesar de ter estado na luta pelo 9.º posto, não foi além de um 11.º lugar, depois de ter perdido o 10.º na última volta.
O grande destaque do dia foi para Bagnaia, que de forma autoritária liderou praticamente de fio a pavio e conseguiu uma vitória – à frente de Bastianini – que lhe valeu a subida ao 2.º lugar do Mundial de pilotos e a 4.ª vitória consecutiva na época, um momento para mais tarde recordar!
What an INCREDIBLE preview to these two as teammates next year! @PeccoBagnaia JUST edges out @Bestia23! #SanMarinoGP pic.twitter.com/4mw3Lm2TZn
— MotoGP™ (@MotoGP) September 4, 2022
Pódio:
1.º Francesco Bagnaia, 41:43.199 minutos
2.º Enea Bastianini, a 0.034
3.º Maverick Viñales, a 4.212
(…)
11.º Miguel Oliveira, a 23.685
GP de Aragão
Primeiro título entregue num dia dramático

Takaaki Nakagami foi um dos afetados da caótica primeira volta
O GP de Aragão marcou o regresso de Marc Márquez, ausente durante mais de três meses na sequência de uma operação ao braço direito.
O piloto espanhol da Honda largou da 13.ª posição e, logo no arranque, subiu várias posições… mas não ganhou para o susto.
Na primeira curva, Márquez ultrapassou Quartararo, mas instantes depois os dois pilotos voltaram a encontrar-se na curva três, altura em que o francês foi contra a traseira da Honda do espanhol. Quartararo acabou por ser atingido pela própria mota – já enquanto deslizava pelo alcatrão – e ficou com algumas lesões no peito que, felizmente, não foram graves. Márquez também viria a abandonar pouco depois com problemas na mota.
Quem aproveitou o incidente foi Francesco Bagnaia: o italiano, que tinha largado da ‘pole position’, viu um dos seus rivais diretos a abandonar a corrida e abrandou o ritmo, nunca deixando de fazer uma prova segura. Acabou por terminar na 2.ª posição atrás de Bastianini, que o ultrapassou na última volta.
Miguel Oliveira, que havia largado da 11.ª posição, por lá… terminou. O português chegou a rodar em 8.º mas não resistiu aos ataques de Luca Marini e Álex Rins.
A Ducati, de resto, conquistou o título de construtores a cinco corridas do final da temporada.
Poor @FabioQ20
So many patches to cover up the abrasions #MonsterYamaha | #MotoGP | #AragonGP pic.twitter.com/zYTZMjngm3
— Monster Energy Yamaha MotoGP (@YamahaMotoGP) September 18, 2022
Pódio:
1.º Enea Bastianini, 41:35.462 minutos
2.º Francesco Bagnaia, a 0.042
3.º Aleix Espargaró, a 6.139
(…)
11.º Miguel Oliveira, a 17.071
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Primeira volta em Aragão foi uma verdadeira confusão
GP do Japão
Depois da bonança, Bagnaia provou… a tempestade

Miller fez o primeiro (e único) ‘shoey’ da temporada
“Tive uma boa velocidade e potencial na Q2”, revelou Miguel Oliveira antes do GP do Japão, corrida para a qual se mostrou “confiante” desde início.
O piloto português qualificou-se em 8.º para a 16.ª prova do Mundial e não perdeu tempo, mostrando um ritmo promissor.
A 23 voltas do fim, o luso já tinha recuperado quatro lugares e, pouco tempo depois, chegou mesmo a ultrapassar Brad Binder, subindo ao 3.º posto, que viria a perder precisamente para o sul-africano e seu companheiro na KTM algumas voltas mais tarde.
O português estabilizou no 4.º lugar e foi a apenas duas voltas do fim que foi ultrapassado por Marc Márquez, momento em que não escondeu a frustração. ‘Pior’ só Francesco Bagnaia, que caiu na última volta e permitiu a Fabio Quartararo – que terminou em 8.º – manter a liderança do Campeonato do Mundo. Jack Miller somou a 1.ª – e única – vitória da temporada, à frente de Brad Binder e Jorge Martín.
Pódio:
1.º Jack Miller, 42:29.174 minutos
2.º Brad Binder, a 3.409
3.º Jorge Martín, a 4.136
(…)
5.º Miguel Oliveira, a 8.185
GP da Tailândia
Quem anda à chuva molha-se e Miguel Oliveira… não se importa!

Oliveira voltou a colocar a bandeira portuguesa lá no topo
É caso para dizer: “Quem anda à chuva, molha-se”. E Miguel Oliveira não se importa! Foi na Tailândia que o piloto português assinou a 2.ª vitória da temporada, numa corrida – que começou com atraso – em que não deu hipóteses à concorrência.
O 5.º lugar no ‘warm up’ já deixava boas indicações, mas Miguel Oliveira quis demonstrar que quando era a sério… também não perdoava. O português saiu do 11.º lugar e, ao seu ritmo e aproveitando os ‘deslizes’ dos adversários, foi galgando terreno.
À 2.ª volta subiu ao 5.º lugar e pouco depois assinou a volta mais rápida da corrida, avançando mais uma posição e aproximando-se do pódio. Entretanto, quem apresentava muitas dificuldades era Fabio Quartararo, que rodava em 15.º.
A 21 voltas do fim, o piloto português voltou a fazer das suas e subiu ao pódio, ultrapassando a Ducati de Francesco Bagnaia. Apenas uma volta depois passou a ser 2.º, numa altura em que já só restava o ‘duelo final’ com Jack Miller, que liderava a prova nessa altura.
Com muita luta pelo meio, o piloto português e o australiano estiveram várias vezes lado a lado e chegaram a ‘trocar ultrapassagens’, mas foi a 11 voltas do fim que Miller cedeu! Miguel Oliveira era, nesta altura, o líder do GP da Tailândia e tentava defender-se dos ataques (sem sucesso) do piloto da Ducati.
Miguel Oliveira somava assim o 2.º triunfo da temporada, depois do feito que tinha conseguido atingir na Indonésia, na 2.ª corrida da época.
Win number 5 of @_moliveira88‘s premier class career! #ThaiGP pic.twitter.com/Rd1AgXrjao
— MotoGP™ (@MotoGP) October 2, 2022
Pódio:
1.º Miguel Oliveira, 41:44.503 minutos
2.º Jack Miller, a 0.730
3.º Francesco Bagnaia, a 1.968
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A festa de Miguel Oliveira no pódio após vencer o GP da Tailândia
GP da Austrália
Oliveira do céu ao inferno ao ritmo de Álex Rins

Marc Márquez assinou o único pódio da época
Vindo de um brilharete na Tailândia, a missão de Miguel Oliveira na Austrália seria tudo… menos fácil. O piloto português partia do último lugar da grelha e estava obrigado a cumprir uma ‘long lap penalty’, consequências de uma qualificação para esquecer. Para além de ter sido punido por ‘atrasar’ Bastianini, foi apanhado a treinar a partida fora da área designada.
Ainda assim, o piloto português fez o seu melhor para minimizar estragos e, com a ajuda de alguns abandonos, conseguiu fechar a prova no 12.º lugar, ou seja, dentro dos pontos.
Lá na frente, quem brilhou foi Álex Rins, que conseguiu uma vitória – a primeira em dois anos e meio – vindo do 10.º posto. Para além do feito do piloto espanhol, Marc Márquez alcançou o 100.º pódio da carreira na categoria rainha, ao terminar a corrida no 2.º lugar.
The boys and girls in light blue are BACK ON THE TOP STEP! @Rins42 with the most EPIC VICTORY! #AustralianGP pic.twitter.com/SbeHMbFIlY
— MotoGP™ (@MotoGP) October 16, 2022
A fechar o pódio ficou Pecco Bagnaia, que apesar de ter perdido a liderança da prova na última volta, acabou o dia como líder do Mundial, com 14 pontos de avanço para Quartararo, que caiu e foi obrigado a abandonar.
Pódio:
1.º Álex Rins, 40:50.654 minutos
2.º Marc Márquez, a 0.186
3.º Francesco Bagnaia, a 0.224
(…)
12.º Miguel Oliveira, a 13.606
GP da Malásia
Uma mão italiana no título

Italiano foi o primeiro a ver a bandeira de xadrez na Malásia. O título estava ali à mão de semear
Agora com mais responsabilidade do que nunca, Bagnaia tentava segurar a liderança do Mundial de pilotos, depois de ter aproveitado o deslize de Quartararo na Austrália.
Os dois pilotos enfrentavam uma missão difícil, numa qualificação que não correu como planeado… a nenhum: o italiano não foi além do 9.º melhor tempo, e o francês ficou ainda mais atrás, partindo da 12.ª posição.
A prova foi precisamente aquilo que se esperava: uma disputa entre dois aspirantes a campeão do Mundo, que se superaram desde o primeiro segundo e desde o primeiro metro percorrido.
Bagnaia acabou por levar a melhor e dar ‘show’, realizando uma corrida irrepreensível e vencendo a prova, somando o 7.º triunfo da época. Apesar do feito, o italiano viu a festa adiada para a última prova do ano, uma vez que Quartararo foi 3.º. No final, os dois pilotos protagonizaram, ainda em pista, um momento interessante, quando se aproximaram um do outro e se cumprimentaram de forma curiosa.
Miguel Oliveira sofreu com problemas na sua KTM ao longo de toda a prova e, apesar de ter feito de tudo para não perder muitas posições, não foi além de um 13.º lugar.
#TheDecider awaits in Valencia!!! @PeccoBagnaia vs @FabioQ20 ??#MalaysianGP pic.twitter.com/zEgQT19NLY
— MotoGP™ (@MotoGP) October 23, 2022
Pódio:
1.º Francesco Bagnaia, 40:14.332 minutos
2.º Enea Bastianini, a 0.270
3.º Fabio Quartararo, a 2.773
(…)
13.º – Miguel Oliveira, a 24.918
GP da Com. Valenciana
Pecco não facilitou e levou o título

A festa final de Bagnaia, o novo campeão mundial
Chegado o último Grande Prémio da temporada, todos os olhos estavam postos em Francesco Bagnaia e Fabio Quartararo, os dois pesos pesados que tinham uma luta em aberto.
As contas eram simples: Quartararo precisava de vencer a prova e esperar que Bagnaia terminasse em 15.º ou abaixo, cenário… que não se verificou. O piloto francês, que partiu do 4.º lugar, fez uma prova consistente e terminou nessa mesma posição. O italiano optou por não arriscar e correu de forma segura, finalizando no 8.º posto e garantindo o ‘caneco’ da campeão do Mundo.
Miguel Oliveira aproveitou as circunstâncias e fez uma boa prova em Valência, terminando no 5.º lugar depois de largar da 14.ª posição. O piloto português, de resto, fechou o Mundial em 10.º, com 149 pontos. Álex Rins venceu o GP da Comunidade Valenciana, seguido de Brad Binder e de Jorge Martín, que ultrapassou o português.
“É um momento emotivo. É uma despedida de vários anos de colaboração com a KTM, muitas conquistas, emoções – boas e más – partilhadas, mas o nosso desporto é feito disso mesmo. Como eu disse, não deixei nenhuma gota de suor por gastar dentro do corpo. Estou orgulhoso disso, do percurso que fiz. 10.º no campeonato neste grupo tão de elite, com a nossa mota, com todos os altos e baixos, sair neste lugar não é mau de todo. O balanço é positivo”, assegurou Miguel Oliveira após a última corrida da temporada, antes de rumar à RNF Aprilia.
A dream is FINALLY achieved! ?@PeccoBagnaia IS THE 2022 #MotoGP WORLD CHAMPION! #PerfectComb1nation pic.twitter.com/arg31Jbc82
— MotoGP™ (@MotoGP) November 6, 2022
Pódio:
1.º Álex Rins, 41:22.250 minutos
2.º Brad Binder, +0.396
3.º Jorge Martín, +1.059
(…)
5.º Miguel Oliveira, +7.122
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Bagnaia foi o mais forte do ano e levou o primeiro título para casa
As outras categorias
Moto2
Título valeu o salto para Augusto Fernández
A temporada do Moto2 ficou marcada por uma disputa entre dois ‘pequenos gigantes’: o espanhol Augusto Fernández (KTM) – que se sagrou campeão do Mundo – e o japonês Ai Ogura (Honda), que até ao final proporcionaram uma luta da qual não se esquecerão tão cedo.
Augusto Fernández, curiosamente, conseguiu o seu primeiro pódio e vitória apenas na 7.ª corrida da temporada, no Grande Prémio de França. Ai Ogura alcançou três pódios – um deles um triunfo – até esse mesmo Grande Prémio, o que torna a conquista do espanhol da KTM ainda mais impressionante. Curiosamente, ambos abandonaram o GP de Portugal, a 5.ª prova do calendário.
Fernández terminou o Mundial com 271,5 pontos, e viveu a sua melhor fase a meio da temporada, vencendo o GP de França e, pouco tempo depois, na Alemanha, Holanda e Grã-Bretanha consecutivamente. Além disso, alcançou outros cinco pódios. Ogura não foi tão ‘letal’. O japonês venceu em Espanha, na Áustria e em casa, no Japão, mas conseguiu um pódio – excluindo vitórias – a menos do que o adversário direto. O pódio do Moto2 ficou fechado pelo espanhol Arón Canet que, curiosamente, não venceu qualquer prova na temporada. À semelhança do que aconteceu no MotoGP, o título de campeão do Mundo só ficou decidido na última prova da temporada, o GP da Comunidade Valenciana.
O título de Fernández acabou por valer-lhe o salto para o MotoGP, mantendo uma tradição que já perdura desde 2016, ano no qual Johann Zarco conseguiu subir à categoria rainha (ao cabo de dois títulos consecutivos). Em sentido inverso, Darryn Binder desce do MotoGP para a categoria, isto depois de em 2022 ter dado um salto claramente maior do que a perna, quando passou das Moto3 para o topo. Passa agora pela intermédia, provavelmente para tentar apanhar o ritmo certo.
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Augusto Fernández foi o mais forte nas Moto2
Moto3
Luta entre colegas de equipa
Em 2022 assistiu-se a uma inusitada luta entre os dois pilotos da Gaviota GasGas Aspas Team com o espanhol Izan Guevara, de 18 anos, a sagrar-se campeão mundial de Moto3 pela primeira vez na carreira na Austrália, na antepenúltima prova do Mundial. Levou a melhor sobre o compatriota Sergio Garcia, que foi segundo, garantindo naturalmente à equipa subsidiária da KTM o triunfo entre as equipas.
Depois de terminar as duas primeiras corridas no top 10, Izan Guevara – que fez em 2022 a sua segunda época no Moto3 – venceu seis provas consecutivas, sagrando-se campeão de forma contundente. “Ser campeão é incrível. Não tenho palavras. Foi uma corrida incrível de um campeonato que tem sido fantástico”, disse Guevara, que esta temporada vai disputar o Mundial de Moto2 também na GasGas.
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Izan Guevara conquistou título na Austrália
O que esperar de 2023
E esse é precisamente o primeiro dos pontos de interesse para a temporada de 2023: será a Honda capaz de recuperar o ritmo perdido desde a queda de Marc Márquez que lhe condicionou os anos seguintes? O espanhol, de recém cumpridos 30 anos, assegura já estar a cem por cento, mas o seu engenheiro já vai avisando que a Honda… ainda não. “O Marc tem sempre a motivação, sempre. Se há alguma coisa que não lhe falta é a ânsia e a motivação, não há nenhum tipo de pergunta nem questão relativamente ao piloto. O Márquez sabe que neste momento a moto está longe dos tempos por volta que nos permitem lutar com os pilotos de topo. Mas na Honda nunca desistimos e vamos dar-lhe as condições possíveis para que ele mostre todas as suas qualidades.”

Será Marc Márquez capaz de voltar ao que era?
Se a Honda não vive os seus melhores, a Ducati… tem voado. Nos testes de pré-temporada realizados em Portimão, na semana passada, o piloto de Bolonha protagonizou a volta mais rápida… da história do Autódromo Internacional do Algarve. G”osto da nova moto e prefiro-a à do ano passado, mas agora devemos manter os pés no chão e continuar a trabalhar de cabeça baixa para sermos rápidos em todas as pistas. Os outros fabricantes também deram passos importantes, por isso devemos manter o foco. Podemos dizer ‘missão cumprida’: estamos prontos para enfrentar a nova temporada.”
Nos testes de Portimão houve sete Ducatis nas oito primeiras posições. Johann Zarco (Pramac Racing) terminou em segundo lugar atrás de Bagnaia, enquanto Luca Marini (VR46 Racing Team) terminou em quarto, à frente do companheiro de equipa Marco Bezzecchi. Atrás de Bastianini terminou Alex Márquez (Gresini Racing) em sétimo e Jorge Martín (Pramac Racing) em oitavo.
Fábio Quartararo, campeão do Mundo em 2021 mas que no ano passado teve uma enorme quebra de rendimento na sua Yamaha na segunda metade da época, quer recuperar as boas sensações em 2023. E segundo o que têm mostrado os testes de pré-temporada, o francês é o único com ritmo para bater as Ducati. “Basicamente, usamos um pouco do pacote aerodinâmico do ano passado, alguns ajustes antigos e a moto funcionou. Conseguimos ver onde estava o problema. Eu senti-me um só com a moto. Ainda me faltam algumas coisas, mas nunca havia feito um tempo destes aqui [em Portimão]. Então acho que é muito bom”, referiu o francês após os testes de pré-temporada. “Estamos numa posição melhor. Acho que é bom ver que melhorámos, mesmo que eu ainda não esteja onde eu quero, mas é um bom passo”.

Ducati exibiram-se nos testes como no final da época passada: a voar
Entre os destaques para este início de Mundial está igualmente o facto de só haver um novo piloto — Augusto Fernandez — para além das muitas mudanças entre equipas, que incluem a do português Miguel Oliveira da KTM para a Aprilia. Há muita curiosidade sobre o que vai fazer Enea Bastianini na Ducati oficial e Joan Mir na Honda, que volta a ter dois campeões do Mundo na sua equipa oficial — com Marquez também.
O Mundial de 2023 conta com alterações nas regras. A partir de agora, todos os fins-de-semana vão contar com corridas sprint aos sábados, que distribuem 12–9–7–6–5–4–3–2–1 pontos. A grelha de partida para ambas as corridas é definida na qualificação, que mantém o formato
Uma nova vida para Miguel Oliveira
Será, por isso, uma aventura totalmente nova para o piloto português, mas também para os próprios malaios, o que desde logo representará um desafio adicional. Não se pode exigir grandes resultados, especialmente pela prematuridade do projeto, mas a verdade é que as indicações dadas nos testes, desde Valência até Portimão passando por Sepang, deixaram alguma expectativa para perceber o que poderá o português fazer na RS-GP da fábrica de Noale.
Em especial, talvez pelo que foi feito no final da temporada passada, onde ao primeiro contacto, num só dia, Oliveira foi o quarto mais rápido. Até mais veloz do que Aleix Espargaró. O ano virou, as máquinas evoluíram e em Sepang a situação não foi tão famosa. A Aprilia continuou a andar bem – foi a única capaz de se intrometer na incrivelmente forte armada da Ducati -, mas Miguel Oliveira não foi além do 15.º melhor tempo no combinado. Foi mesmo o pior Aprilia no conjunto dos três dias. E depois chegou Portimão.
Era a derradeira oportunidade para testar e mostrar serviço e, a julgar pelas palavras do próprio, o balanço foi positivo e as expectativas para a ronda de abertura aumentaram. Num conjunto de dois dias nos quais a Ducati mostrou estar numa classe à parte – Pecco Bagnaia então… -, Oliveira colocou a sua RS-GP na 11.ª posição da tabela dos tempos combinados, entre Aleix Espargaró e Maverick Viñales. A questão aqui é que, mesmo batendo à porta do top-10, fê-lo sem sequer apontar a um ‘time attack’, o que abre perspetivas muitíssimo positivas para este fim de semana. Veremos o que sucede quando tudo for verdadeiramente… a sério.

Nova moto e novas cores para 2023
A hora da verdade?
Aos 28 anos, Miguel Oliveira pode estar, como assumiu o próprio Razali em entrevista a Record, perante uma das derradeiras oportunidades para ser campeão e a entrada em bom plano nesta nova aventura poderá ter o condão de despertar bons resultados para lá chegar. Isso e abrir-lhe as portas da equipa de fábrica, algo que o patrão da RNF dá como garantido caso os resultados positivos apareçam.
Do atual elenco do MotoGP é um dos 13 que tem vitórias em Grandes Prémios e é com essa experiência ganhadora que espera ajudar a RNF a desenvolver a sua Aprilia. Em teoria, o tal ataque a um potencial título não se fará na RNF, mas se os bons resultados vierem, então a oportunidade de fazê-lo na estrutura oficial abrem outras perspetivas. Por agora, mais do que sonhar ou pensar em chegar à equipa de fábrica, Miguel Oliveira, em conjunto com o espanhol Raúl Fernández e toda a estrutura da equipa de Razali, têm de pensar em espremer ao máximo o potencial que esta RS-GP tem.
Olhando de forma fria, considerando que a Yamaha continua sem conseguir ser consistente – Fabio Quartararo é o único que vai fazendo algo de especial -, a Honda está completamente perdida e a KTM segue à busca de uma solução milagrosa, a Aprilia tem mesmo a segunda melhor máquina do paddock. O problema são as Ducati. São boas e… muitas!
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KTM despediu-se de Miguel Oliveira desta forma
Calendário
Um novo formato que tenciona essencialmente dar uma maior emotividade aos fins de semana, de forma a dar motivos de interesse aos outros dias de ação e não apenas aos domingos de corrida. Interesse para os adeptos, que terão uma outra razão para ir ao circuito, mas também para os pilotos, que serão recompensados com pontos até à 9.ª posição (o vencedor leva 12 pontos, o segundo 9 e o terceiro 7. Daí para baixo será dos 6 aos 1)
Em termos de localizações, Cazaquistão e Índia são os estreantes no calendário, com rondas que estão agendadas para julho e setembro, respetivamente, ao passo que Aragão salta fora da lista de corridas. Já a Finlândia, uma já eterna paragem nos calendários provisórios voltou a ficar de fora…
Equipa a equipa

Motor: Ducati
Vitórias no MotoGP: 64
Títulos no MotoGP: 4
Resultado em 2022: 454 pontos (1.º lugar)
A grande favorita para a nova época. Mas também a equipa que terá maior pressão para manter o nível e demonstrar em resultados a aparente supremacia perante as demais, nomeadamente a Yamaha.
Com o campeão Pecco Bagnaia como chefe de fila, a equipa de fábrica da marca italiana troca de número 2, com Enea Bastianini a saltar da Gresini Racing depois de uma temporada na qual brilhou com um 3.º posto final (acabou com quatro vitórias e seis pódios). O italiano, que na época passada até começou o ano como o melhor Ducati, venceu uma luta particular com Jorge Martín e agora que teve a chance de ser promovido, tem mesmo de mostrar serviço.
Quanto a Bagnaia, a missão será levar o #1 ao mesmo andamento que se viu na segunda metade da temporada, onde conseguiu cinco das suas sete vitórias – quatro delas de forma consecutiva. O moral estará certamente em alta para Pecco, mas a verdade é que o estatuto de campeão do Mundo pode pesar… e muito!


Motor: KTM
Vitórias no MotoGP: 5
Títulos no MotoGP: 0
Resultado em 2022: 337 pontos (2.º lugar)
Parece estranho, tendo em conta a forma titubeante com que a equipa austríaca se apresentou na época passada, mas os números não enganam. Foi a KTM a segunda colocada do Mundial de equipas, isto apesar de Brad Binder ter sido apenas 6.º e Miguel Oliveira 10.º. Para 2023 a marca austríaca muda parte das caras do paddock, com Jack Miller a chegar da Ducati para fazer parelha com Brad Binder.
O sul-africano, já com posição cimentada na estrutura e também no Mundial, terá nesta sua quarta temporada a necessidade de afirmação total, isto numa época na qual terá a feroz concorrência dentro da própria equipa do experimentado australiano. Quinto no Mundial do ano passado, curiosamente com apenas mais 1 ponto do que Binder, Miller tem também nesta época um teste de fogo, já que, apesar de ser um dos pilotos mais entusiasmantes e acarinhados do paddock, teima em traduzir em resultados e, acima de tudo, consistência tudo aquilo que se fala de si.


Motor: Aprilia
Vitórias no MotoGP: 1
Títulos no MotoGP: 0
Resultado em 2022: 334 pontos (3.º lugar)
Foi a grande revelação da época passada. E agora tem mesmo de confirmar. No início do ano ninguém esperava, mas foram as RS-GP da fábrica de Noale a dar luta em determinado momento às máquinas da Ducati. Parte deste salto competitivo dos italianos deve-se essencialmente à aposta em definitivo numa estrutura de fábrica, deixando de ser apenas uma equipa de satélite – no caso na órbita da Gresini. Com apoio (e investimento) total, a época passada começou bem, com a vitória emotiva de Aleix Espargaró na Argentina, manteve-se num bom nível, mas na fase final aparentou apresentar uma ligeira quebra. E esse será o principal desafio dos homens italianos: impedir que essa trajetória negativa seja continuada em 2023.
A equipa segue a mesma, com Aleix a ser o chefe de fila, tendo ao seu lado um Maverick Viñales que, agora, não tem qualquer desculpa a dar. Em 2022 mostrou andamento numa série de corridas no arranque da segunda metade da época, mas faltou-lhe aquilo que lhe tem faltado desde sempre: consistência. Se a conseguir encontrar, então a Aprilia pode andar lá por cima mais vezes.


Motor: Ducati
Vitórias no MotoGP: 1
Títulos no MotoGP: 0
Resultado em 2022: 318 pontos (4.º lugar)
A melhor das três equipas satélite da Ducati mantém em 2023 a mesma parelha de pilotos e, olhando aos resultados do ano passado, é também aquela que apresenta um equilíbrio mais claro em termos de qualidade, numa mescla entre a experiência de Johann Zarco e a juventude e irreverência de Jorge Martín.
O espanhol, de 25 anos, entrará nesta nova temporada com vontade de mostrar serviço e provar à equipa mãe que tomaram a decisão errada ao promover Enea Bastianini. Para tal, o Martinator tem de deixar de lado aquele seu jeito de Marc Márquez e focar-se em ser regular e consistente. Se o fizer… cuidado! Quanto a Zarco, é dos mais experientes do pelotão e é também um dos pilotos que há mais tempo persegue uma vitória na categoria principal. A Ducati não tem segredos para ele e o andamento que apresenta mostra que não há nada mais a exigir-lhe… para lá da primeira vitória.


Motor: Yamaha
Vitórias no MotoGP: 124
Títulos no MotoGP: 8 (mais 10 no pré-MotoGP)
Resultado em 2022: 290 pontos (5.º lugar)
A Yamaha é quase como a Ferrari na Fórmula 1. Tem uma máquina com um potencial tremendo, mas farta-se dar tiros nos pés. E no ano passado, numa primeira fase, passou de estar bem colocada para ser campeã, tal como a Ferrari, para um final de época para esquecer. Em 2023, como a Ducati, também entra em pista com pressão: no caso para ganhar e mostrar que a temporada passada foi apenas um percalço. Para bem dos homens que mandam na estrutura… é bom que assim seja.
Para 2023 a parelha de pilotos continua a ser a mesma, com ambos os pilotos a terem absoluta necessidade de mostrar serviço. Fabio Quartararo nem tanto, porque ninguém duvida do seu talento, mas a verdade é que para ser campeão tem de ser mais regular e não apresentar sequências de resultados como entre Aragão e Austrália, onde em quatro provas perdeu o Mundial, ao pontuar apenas no Japão. A culpa não foi totalmente dele, mas mesmo assim…
E do outro lado da garagem estará um Franco Morbidelli que, caso não apresente melhorias… deverá ver a porta de saída. Até acabou por ser algo surpreendente a sua permanência na equipa, já que em 2022, enquanto Quartararo andava lá por cima, o italiano ia fazendo um caminho para… trás. Acabou com apenas 42 pontos, menos 206 do que o francês e o melhor resultado que apresentou foi um 7.º lugar na Indonésia. Para quem tem uma moto ganhadora em mãos, não é nada famoso!


Motor: Ducati
Vitórias no MotoGP: 18 (14 com motor Honda + 4 com motor Ducati)
Títulos no MotoGP: 0
Resultado em 2022: 243 pontos (7.º lugar, com motor Aprilia)
2022 foi a primeira época com motores Ducati e os resultados até nem foram maus. O problema foi mesmo o facto de praticamente apenas ter sido um piloto a somar pontos, já que Fabio Di Giannantonio não teve propriamente um ano de estreia positivo. Valeram os resultados de incrível valia de Enea Bastianini (quatro vitórias), que lhe valeram mesmo a promoção à equipa principal. Sem Enea, a equipa de Fausto Gresini – que chegou a sondar Miguel Oliveira -, vai integrar o espanhol Álex Márquez, que no ano passado esteve na LCR Honda.
Será curioso ver o que estes dois pilotos farão juntos, já que ambos entrarão em cena com alguma necessidade de mostrar serviço. Álex para mostrar que não está no Mundial apenas por ser irmão de Marc Márquez; Di Giannantonio para comprovar que a decisão de promovê-lo das Moto2 não foi errada. O italiano tem 24 anos e muito espaço para mostrar em resultados o seu talento, mas num campeonato tão feroz… o tempo pode não chegar!


Motor: Ducati
Vitórias no MotoGP: 0
Títulos no MotoGP: 0
Resultado em 2022: 231 pontos (8.º lugar)
Tal como no caso da Pramac, a Mooney VR46 é também uma equipa que apresenta um interessante equilíbrio de qualidade entre os seus pilotos e, neste caso, também são ambos jovens. Os pilotos residentes continuam a ser os italianos Luca Marini e Marco Bezzecchi, dois nomes que em 2022 foram dando, a espaços, sinais do seu talento. Para a nova época a missão passa por apresentá-los de forma bem mais regular, de forma a intrometerem-se na luta com as outras Ducati, nomeadamente as da Pramac.
Será uma temporada importante para ambos, mas também para a própria estrutura de Valentino Rossi, provavelmente a salivar e a necessitar de uma vitória para confirmar que valeu a pena apostar nesta equipa.


Motor: Honda
Vitórias no MotoGP: 171
Títulos no MotoGP: 10 (mais 10 no pré-MotoGP)
Resultado em 2022: 171 pontos (9.º lugar)
Uma das maiores incógnitas da nova temporada. O que fará a Honda em 2023? Irá Marc Márquez voltar em pleno? Será Joan Mir capaz de adaptar-se à nova máquina e apresentar resultados? As dúvidas são várias e, provavelmente, até ao arranque do Mundial ninguém terá uma resposta clara para elas. Em teoria, talento não falta aos dois pilotos espanhóis e arriscamos até dizer que esta dupla será a que maior qualidade tem de todo o Mundial. O que é preciso é… a máquina colaborar.
Em 2022 não foi bem o caso e o 9.º lugar final do Mundial, com somente 171 pontos, assim o demonstra. É certo que a situação de Marc Márquez não ajudou – ausente em 8 dos 20 Grandes Prémios -, mas por outro lado os resultados de Pol Espargaró também mostraram uma máquina num nível muito baixo… ou então a precisar de um fora de série para a ‘espremer’. O facto de Márquez, mesmo fazendo apenas 12 provas, confirma-o como esse fora de série, mas isso pode não chegar para levar a RC213V lá ao topo da tabela.
Quanto a Joan Mir, vai conhecer uma nova equipa depois de quatro temporadas na Suzuki, onde em 2020 conquistou um dos títulos mais inesperados do ano. Chega à Honda depois de uma época menos positiva, muito influenciada também pelo desinvestimento da Suzuki em determinado ponto. Veremos se, aos 25 anos, consegue voltar ao seu nível.


Motor: Honda
Vitórias no MotoGP: 3
Títulos no MotoGP: 0
Resultado em 2022: 98 pontos (10.º lugar)
Sai um Álex e entra outro Álex. Márquez rumou à Gresini e entrou Rins, vindo da agora extinta Suzuki. Mantém-se o japonês Takaaki Nakagami, um piloto que, aos 31 anos, parece ter parado no processo de evolução. A seu lado estará Álex Rins, espanhol que vem de uma boa última temporada na Suzuki, isto apesar do fecho das portas da equipa japonesa e o corte de investimento em determinado momento do ano.
Em teoria, será Rins o líder da equipa e aquele do qual podemos esperar alguma coisa em termos de resultados, mas a verdade é que o nível apresentado pela satélite da Honda nos últimos anos não deixa adivinhar nada de especial em termos de desempenho. Lutar por posições no top-10 deve ser o melhor que estas RC213V conseguirão fazer. A não ser que do Japão venha alguma fórmula mágica…


Motor: Aprilia
Vitórias no MotoGP: 6 (todas com a Yamaha)
Títulos no MotoGP: 0
Resultado em 2022: 37 pontos (11.º lugar, como WithU Yamaha RNF MotoGP Team)
Novo motor e novos pilotos. A RNF Racing será a equipa que apresenta uma transformação mais radical para a nova temporada, já que para lá de se ter mudado da Yamaha para a Aprilia, recebeu Miguel Oliveira e Raúl Fernández para os lugares de Andrea Dovizioso (substituído na fase final da época por Cal Crutchlow) e Darryn Binder. Em teoria, será complicado fazer um lançamento claro daquilo que a estrutura do malaio Razlan Razali conseguirá fazer, mas o mais provável é que esta seja uma temporada em crescendo. Isto apesar das boas indicações que foram dadas nos testes. Pés bem assentes no chão e… logo se vê.
Para os dois pilotos é uma mudança de casa e também uma oportunidade para ambos mostrarem que a KTM se enganou na decisão tomada. Miguel Oliveira por não ter recebido a proposta que queria e ter sido empurrado para a GASGAS; Raúl Fernández por não ter sido propriamente bem tratado pela estrutura naquele que era, para todos os efeitos, o seu ano de aprendizagem. Será interessante ver o que esta dupla de pilotos poderá fazer, mas a moto tem de ajudar.
Para a RNF é também uma chance de recomeçar com boa nota, depois de um 2022 que foi absolutamente para esquecer.


Motor: Gas Gas
Vitórias no MotoGP: 2 (como KTM)
Títulos no MotoGP: 0
Resultado em 2022: 17 pontos (12.º lugar, como Tech3 KTM Factory Racing)
É outra das grandes novidades do Mundial. E também com uma dupla de pilotos totalmente nova. A Tech3 muda de nome (a estrutura continua a ser liderada pelo francês Hervé Poncharal), mas continua a ter uma KTM RC16, isto apesar de o nome oficial da máquina ser GAS GAS. Será um ano importante para a estrutura francesa, especialmente depois de um 2022 totalmente para esquecer, com apenas 27 pontos conquistados e dois pilotos jovens totalmente perdidos no que fazer com a máquina da KTM.
Talvez por isso para 2023 a fábrica austríaca (que é quem manda na equipa satélite) tenha decidido ir buscar a voz da experiência de Pol Espargaró, naquele que é um reencontro do espanhol com a estrutura que o recebeu em 2014, na altura pela Yamaha, e onde esteve entre 2017 e 2020, e a juventude e irreverência de Augusto Fernández, o campeão de Moto2. O primeiro chegará com vontade de mostrar serviço de início para fazer esquecer um 2022 de más memórias, ao passo que o segundo quererá entrar com o pé direito e mostrar que tem espaço na categoria rainha.
Tal como noutros casos, especialmente o da Honda, o mais difícil será a moto colaborar…

Historial
Agora, para 2023, a dúvida é saber se teremos um novo nome na lista de vencedores ou se o título irá para um dos quatro do atual pelotão que já foram campeões. Nesse particular, Marc Márquez é aquele que tem um encontro com a história mais próximo de acontecer, já que tem 6 conquistas e pode igualar o registo de Valentino Rossi.
Textos e recolha de dados André Santos, Fábio Lima, Isabel Dantas e José Morgado
Fotografia MotoGP, Getty Images e Reuters | Webdesign Catarina Carvalho
Fuente Record