
Um homem armado com um fuzil e uma faca matou três pessoas e feriu outra nesta quinta-feira (25) na cidade de Nagano, no centro do Japão. Os crimes chocaram a população do país asiático, onde a violência armada é rara.
O agressor é filho do presidente da câmara municipal e disse que cometeu os assassinatos porque “queria matar”, segundo o jornal americano The New York Times. Ele foi preso após se trancar e montar uma barricada numa casa próxima do centro da cidade.
Testemunhas relataram que o assassino tem aproximadamente 30 anos, vestia roupa camuflada e usava máscara. Ele primeiro matou uma mulher com golpes de faca. Depois, quando os policiais chegaram, o criminoso abriu fogo, matando dois agentes. A quarta vítima, um homem, está em estado grave.
Por razões de segurança, cerca de 60 moradores de Nagano foram transferidos para uma escola local, e as autoridades emitiram alerta para que a população permaneça em casa.
A violência armada é rara no Japão. Desde que foi derrotado na Segunda Guerra Mundial, quando lutou ao lado da Alemanha nazista e da Itália fascista, o país passou por um processo de desmilitarização —chegou a ser proibido de ter exército— e caminhou para uma pacificação da sociedade. Nos últimos anos, sobretudo com o aumento das tensões com a China na região, a nação vem investindo cada vez mais na segurança externa, mas ainda mantém restrições severas para controlar o acesso a armas internamente.
De acordo com o GunPolicy.org, o Japão proíbe a posse de armas automáticas, semiautomáticas e revólveres para civis. Já rifles e espingardas são autorizados em casos especiais para caça ou coleção, mas quem requisita a licença precisa passar por checagens de antecedentes criminais, de saúde mental e de registros de vício em drogas. Também é preciso fazer cursos teóricos e práticos para aprender a usar o equipamento —nos quais é preciso alcançar um mínimo de 95% de precisão nas aulas de tiro.
Além disso, se houver histórico de violência doméstica na família, a licença pode ser cassada. Cada registro permite a posse de uma arma, mas não há restrição de munição. Depois que a licença é obtida, é preciso informar às autoridades onde a arma será guardada, e o local, que será inspecionado pelas autoridades, deve ficar trancado. Já o porte de armas ostensivo em locais públicos é proibido.
Em todo o ano de 2022, apenas nove incidentes relacionados a armas foram registrados no Japão, que tem 125 milhões de habitantes, de acordo com a Agência de Polícia Nacional japonesa. Quatro pessoas foram mortas em crimes com armas de fogo no ano passado.
O ataque desta quinta ecoa o assassinato do ex-premiê Shinzo Abe, morto durante um ato de campanha em julho do ano passado —o autor dos disparos foi preso, e o crime fez autoridades reavaliarem a forma em que a segurança de políticos é realizada. Já no mês passado, o atual primeiro-ministro, Fumio Kishida, teve de ser retirado às pressas após a explosão do que pareceu ser uma bomba de fumaça durante um comício no oeste do país. Na ocasião, ninguém ficou ferido, e o suspeito foi detido.
Fuente FOLHA DE S.PAULO
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