O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda (29) que a visita do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, é um momento histórico que “reflete uma política externa séria”.
“Depois de oito anos, o presidente Maduro volta a visitar o Brasil, e nós recuperamos o direito de fazer política de relações internacionais com a seriedade que sempre fizemos, sobretudo com os países que fazem fronteira com o Brasil”, disse o petista.
Lula deu a declaração à imprensa ao lado de Maduro em Brasília. O venezuelano realiza visita oficial ao Brasil, anunciada de última hora pelo governo. Ele participa nesta terça (30) de encontro proposto por Lula com presidentes da América do Sul, na tentativa de retomar planos de integração das nações da região.
A visita oficial de Maduro só entrou na agenda de Lula na manhã desta segunda, poucas horas antes do início dos ritos —vindas de chefes de Estado costumam ser divulgadas com muita antecedência
O governo nem mesmo confirmava um encontro bilateral entre os dois chefes de Estado, à margem do encontro com os sul-americanos. A informação, porém, circulava nos corredores do Palácio do Planalto.
Maduro chegou no meio da manhã ao Palácio do Planalto e foi recebido por Lula na rampa presidencial. Os dois, então, tiveram um encontro reservado, seguido de uma reunião ampliada, com assessores e ministros dos dois lados. Da parte do Brasil, participaram, além de Lula, o vice Geraldo Alckmin, o assessor especial da Presidência Celso Amorim e os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), Carlos Fávaro (Agricultura) Alexandre Silveira (Minas e Energia) e o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli.
Também estiveram na reunião as primeiras-damas de ambos os países, Rosângela Lula da Silva, a Janja, e a venezuelana Cilia Flores de Maduro. Seguiu-se, então, uma cerimônia de assinaturas.
Maduro afirmou em suas redes sociais que o encontro foi um “feito histórico” e uma vitória da “dignidade dos povos”. “O resgate e o novo impulso da união entre Brasil e Venezuela é o caminho correto que vai nos conduzir até o desenvolvimento e a integração da Grande Pátria.”
A agenda também prevê um almoço no Palácio do Itamaraty. A última vez que o venezuelano esteve em Brasília foi em janeiro de 2015, para a posse de Dilma Rousseff, que inaugurava seu segundo mandato.
A entrada de Maduro em território brasileiro depois acabou proibida: em 2019, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) editou uma portaria proibindo o ingresso de autoridades de alto escalão do país.
À época, Bolsonaro reconheceu Juan Guaidó, então líder da oposição venezuelana, como chefe de Estado legítimo do país caribenho. A portaria foi revogada no final de 2022, pouco antes da posse de Lula.
O propósito inicial da vinda de Maduro ao Brasil é a participação no encontro com 11 líderes da América do Sul, que Lula realizará nesta terça-feira (30) em Brasília —o presidente busca uma forma de integração que seja permanente e que conte com as 12 nações da região. Com exceção de Dina Boluarte, do Peru, que enfrenta impedimentos constitucionais, todos os outros 11 líderes confirmaram presença.
Ao receber Maduro, Lula ajuda a reabilitar o venezuelano na região, após anos de isolamento e de pressão contra o chavismo. Maduro também já manteve reuniões com seu homólogo colombiano, Gustavo Petro.
Fuente FOLHA DE S.PAULO
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