Por Agapito Pinto –Especial Total News Agency-TNA-
Há dias, contei aqui aos leitores (e leitoras, este politicamente correcto não perdoa, até para mim, homem de esquerda racional, não acéfalo, ou seja, não votante no meu amigo António Costa, paciência…), o meu repasto grande com o pequeno grande meu amigo, de muitos anos, elogiado por todos, Luís Marques Mendes. Não o chamo- sempre com ternura- o homúnculo de Fafe para o mundo. Dizem que é cruel. Não me conhecem. Não conhecem o Luís Marques Mendes. Não conhecem o sentido de humor (e amor…pelo “licor”…) do Luís Marques Mendes. Sou livre. Sempre. Sem ceder. Nunca. Mas desta vez por consideração ao meu “patrono-ídolo” , “velho” social-democrata, com o mérito de ter colaborado mas nunca se ter confundido com o “velhaco”. Aquele “velhaco” , talvez social. Com certeza, nada democrata. Sabem de quem falo? Ele mira-nos a partir daquela mítica parede aqui do “Comilão”, gastronomia com estórias. Sim, estórias. E história. Fez história. Faz história. Regista a história. Há quem diga que o “Comilão” tem muita gula de poder – isso pode ser verdade e acrescento, de mim para comigo, que é o bloco central gastronómico…Aqui se “cozinham” (hoje estou imparável, um genuíno “comilão de trocadilhos”…e o destino faz-me um trocadilho: avisto, lá longe, o imparável, amigo para todas as ocasiões, Fernando Nogueira, merece aqui umas notas soltas, com muita amizade, em breve…) grandes negócios. Negócios grandes. Negociatas. Traições fatais. Fatais traições. Aqui nasceram acordos de regime. Aqui nasceu o regime (este) do acordo. Isto é mau? Depende da perspectiva. Tem coisas boas. Tem coisas más. Como tudo na vida. É preciso estar na roda para dançar. É preciso dançar para estar na roda. Política é assim, assim é a política. Os políticos entram na roda para dançar. Os políticos dançam para ficarem na roda (do “regime”, palavra assim tão maldita? Poupem-me…). Um homem é um homem, um político é um político. Ponto. Nada complicado. Simples.
E o meu Luís Marques Mendes é o meu Luís Marques Mendes. Único. Pequeno. Grande. Enorme na análise política. Inconfundível. Perguntei-lhe pelo amigo comum, António Ramalho. O Luís diz-me que ele “tem problemas graves”. O António “não se safa desta”. O António “tinha relações muito cúmplices com o Luís Filipe”. Tinha? Não sabia…e tu, ó Luís Marques Mendes? Oh Luís, por amor da Santa! Tu não ias para os camarotes do Luís Filipe Vieira todas as semanas? O Luís – pela primeira vez neste repasto – cala-se. Pausa. Fita-me nos olhos. Responde-me, de seguida, com austeridade vocal e paciência diplomática (um mojito de emoções): “muito diferente…”. E calou-se. Mudemos de assunto. Melhor para os dois. De repente, o Luís Marques Mendes acrescenta como “quem não quer a coisa”, como se diz lá, em Fafe: “sabes, oh Agapito…o António Ramalho é uma boa pessoa…mas quer tudo muito depressa, entendes? E sabes que a filha dele, a Inêsita queria que eu lhe arranjasse um lugar como Moedas? O gajo, o António, sobre mim…nem um pio…Sabes que o Luís Filipe esteve no casamento das filhas Ramalho…A inêsita teve a águia do Benfica no casamento, sabias?”.
Perguntou-lhe: “mas oh Luís, não me dês tanga…foste tu que tramaste o Ramalho?”. O Luís Marques Mendes ri-se, ri-se, diz: “ o silêncio pode valer como declaração negocial mas nunca vale como confissão”…ri-se de novo. E ri-se outra vez. Não pára de rir. Juridiquês a esta hora? Poupa-me, Luís, poupa-me! O Luís aguenta a respiração. Engole um bocadinho de panado para saborear. Agora fez-me lembrar lá o seu antigo patrão, o “velhaco” com o bolo rei. Etiqueta não é com o Luís Marques Mendes. Depois diz-me que foi o “Rafael Mora…está muito próximo da COFINA, sabes?…Foi a empresa dele, que tem lá uns gajos do gabinete do Costa, que meteram aqueles aparelhos muito piquenos…meteram aquela m*erda no carro do Luís Filipe…Colega da Abreu diz-me que é ilegal mas passa na mesma…O Rafa Mora é su facturar com isto! O gajo está a mamar forte e feio no governo português! O gajo é impressionante com aquele sotaquezinho espanholito….ah ah ah…engana todos! Brilhante…”. E tem o Silva Carvalho com ele, reforça. Oiço. “Isso é verdade? Não me venhas com tangas que meto já a minha equipa a investigar-te…”. Luís Marques Mendes faz finca pé. É tudo verdade. Acredito.
Olha-me outra vez: “gostas de dinheiro? Então que se f*da o António Ramalho…temos aqui uma oportunidade de milhões…O Rafael Mora e o Sérgio Monteiro já estão em cima, para aquela situação, sabes? Há muito dinheiro da China que quer o NOVO BANCO…vamos a isso! Precisamos de boa estratégia de comunicação, tu és a pessoa perfeita! Pensa nisso…”. Eu, Agapito Pinto, fiquei a matutar. Mais um pãozinho com manteiga para aliviar pressão… Sou louco por manteiga. Sou comilão. O Luís também, um comilão de oportunidades financeiras.
Tenho de sair. O Luís Marques Mendes diz para não me preocupar. Paga a conta. Dinheiro não é problema, assegura-me. Agradeço com efusivo abraço. Estes gestos contam. Mais do que nunca. São grandes gestos. Gestos de humanidade. Afectos. Precisamos de afectos. O Luís Marques Mendes diz-me que o Escária mandou uma mensagem: quer falar comigo para combinarmos um ataque a adversários de António Costa. Falamos com gosto, digo. Mas, ó Luís, olha que o Costa já é passado…não tem hipóteses de ganhar…está esgotado. Mas fazemos o trabalho ao Escária…o gajo dá-se bem com a ABANCA…temos de o conservar! O Luís Marques Mendes ri-se, acena. Levanta-se em respeito. Senta-se para as farófias. Sentencia: “ó Agapito, você sabe tudo da poda!”. Quem sou eu para discordar do génio da análise política lusitana? Curvo em referência, olho para o retrato do brilhante Luís Filipe Menezes, que ironia. Saio. Fecho a porta. Que diferença este Luís Marques Mendes do Luís Marques Mendes do “velhaco”…Que quererá o Escária? Tenho de saber.